Produtores de suínos, principalmente os chamados independentes, estão abandonando a atividade. O preço atual pago pela carne suína não consegue cobrir os custos de produção. Em um ano, a defasagem em relação ao preço do milho chega a 35%.
Em um ano, o preço da arroba suína caiu de R$ 150 para R$ 120. O quilo do suíno passou para R$ 6,40. Além disso a carcaça suína também perdeu preço, passando de R$ 11,25 para R$ 8,90. Nos três casos, a desvalorização foi de 20% em um ano. Enquanto isso, no mesmo período, o preço do milho aumentou 15,5%, pulando de R$ 85,59 para R$ 101,36 a saca.
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O impacto também foi grande nas exportações de carne suína. No primeiro bimestre de 2022, o volume exportado cresceu apenas 3,6% comparado ao mesmo bimestre do ano passado, enquanto a carne bovina cresceu 43% e a carne de frango 10,9%. Em receita, as exportações de carne suína tiveram redução de 7,17% no primeiro bimestre de 2022, enquanto a carne bovina teve aumento de 70,66% e a carne de frango 30,10% na receita, na comparação com o primeiro bimestre de 2021.
A Associação dos Produtores de Carne Suína de São Paulo define a situação como insustentável. Os produtores estão com os preços de venda abaixo dos custos há 15 meses. A entidade sugere um movimento nacional para reverter o quadro atual , caso isso não ocorra, o prazo de validade e sobrevivência do setor primário está muito próximo, segundo a entidade.
“Não podemos ficar assistindo nossos produtores perdendo patrimônio, saúde e a esperança de continuar produzindo a carne mais consumida no mundo”, diz a nota da associação.
Em Santa Catarina o cenário também é preocupante, como analisa o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Losivânio de Lorenzi.
“Muitos produtores estão descartando matrizes, não colocando dentro da granja parando mesmo a atividade. Isso porque está insustentável a crise e as promessas que nós tivemos do governo até agora não se concretizaram, nada veio para um setor tão importante como o nosso. Dinheiro não tem mais para se manter na atividade e os produtores chegaram no limite”, afirma.
No Paraná, os produtores estão forçando a venda de animais muito leves por causa dos custos de produção, o que deve gerar um vácuo na oferta no futuro.
“A suinocultura brasileira vive uma situação dramática, principalmente a independente, como jamais visto na história, com custos explodindo. Se a atividade não tiver um reajuste significativo de preços, ela vai parar em poucos dias. As indústrias que dependem muito do suíno spot podem ter certeza que num período bastante curto vão ficar sem matéria prima e sem fornecedores”, afirma Marcos Spricigo, do Primaz Frigorífico, .
No Rio Grande do Sul, a situação dos produtores independentes não é diferente e coloca em risco a segurança alimentar, como destaca o suinocultor Mauro Gobbi.
“Nós temos 200 abatedouros municipais no estado e eles dependem basicamente de suinocultores independentes. Essa parcela de abatedouros vai ter uma dificuldade muito grande no futuro em abastecer as agroindústrias deles porque a suinocultura independente está morrendo. Então é um problema de segurança alimentar que está acontecendo aqui nas pequenas cidades do Sul do Brasil. A suinocultura brasileira está com os dias contatos se não acontecer uma reversão urgentemente”.