O poder de compra do suinocultor paulista em outubro está 18% maior do que em setembro e 42% maior em relação ao mesmo período do ano passado, indica o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Nem mesmo as altas nas cotações do milho e do farelo de soja impediram que o indicador chegasse ao maior patamar desde julho. Com um quilo do animal, os produtores conseguem comprar 7,5 kg de milho ou 4 kg de farelo de soja.
As exportações puxaram o aumento e o dólar acima de R$ 4 deu força. “Acaba ficando bastante atrativo para a indústria exportar, então ela vai em busca de animais e vai remunerar melhor o suinocultor”, diz a analista de mercado do Cepea Juliana Ferraz.
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A pesquisadora alerta que os frigoríficos que atendem exclusivamente o mercado interno terão mais dificuldade. “Vão ter que pagar um valor alto pelo animal vivo e, depois repassar, no valor da carne. Em uma economia que ainda está patinando, fica um pouquinho difícil’, afirma. Os preços domésticos estão aquecidos e subiram 4% em Minas Gerais, São Paulo e oeste de Santa Catarina.
Quando às exportações, até outubro, o Brasil embarcou 155 mil toneladas de carne suína, 33% mais do que nos nove primeiros meses de 2018. O bom resultado se deve muito à demanda chinesa, em meio ao surto de peste suína africana.
Com a viagem do presidente Jair Bolsonaro e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, à Ásia, a expectativa do setor é de abrir novos mercados e diminuir a dependência da China. “Poderemos aumentar o volume de embarques e não apenas para a China, mas para outros países da região, porque 22 países do mundo estão infectados com a peste suína africana”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
Para José Carlos Hausknecht, sócio-diretor da MB Agro, é hora de investir. “Vale a pena pensar em aumentar o plantel, porque não estamos vendo esses problemas [o surto da doença] se resolverem no curto prazo”, diz.
Em sua análise, Hausknecht não descarta o fim da guerra comercial entre Estados Unidos e China e a retomada dos embarques americanos para a gigante asiática, mas diz que isso não muda o cenário. “O nível da queda da produção [de suínos na China é tão grande que EUA, Europa e Brasil não resolvem sozinhos”, diz.
Por outro lado, o presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), Valdomiro Ferreira, diz que pode ser o momento de ter cautela. “Utilize a sua rentabilidade neste momento para investir na fábrica de ração e na granja, principalmente nas questões de manejo, instalações. Não aumente seu plantel. Use sua rentabilidade para melhorar o que foi estragado ao longo dos últimos dois anos”, defende.