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Tempo seco prejudica trigo e plantio ainda não passa de 10%

A esta altura do ano, em 2017, trabalhos de cultivo já tinham atingido 60% da área; consequência dessa demora é a possível queda de produtividade

Fonte: Antonio Costa/AENPr

A falta de umidade está afetando o plantio de trigo em São Paulo. Até o momento, menos de 10% dos 22 mil hectares destinados à cultura foram semeados, apontam dados da Câmara Setorial do Trigo do estado. Nesta mesma época do ano passado, 60% das lavouras já tinham sido plantadas. Além de atrasar os trabalhos de campo, o tempo mais seco pode prejudicar a produtividade da safra. São esperadas 320 mil toneladas.

O presidente da Câmara Setorial, Maurício Ghiraldelli, afirma que existem duas consequências para esse cenário: “Você não vai ter trigo disponível em setembro, quando normalmente tem, e ele sai da janela ideal, correndo risco de geadas na formação do grão e chuvas na colheita”.  

Ghiraldelli diz que o baixo estoque interno e a possível queda na produção podem causar problemas de abastecimento de matéria-prima para as indústrias do setor. Ele estima que os moinhos estarão abastecidos até, no máximo, maio. Depois disso, será necessário importar. O cereal argentino, que vem sofrendo diversos aumentos desde sua colheita, em novembro e dezembro, deve ser o principal alvo dos negócios. “A valorização foi superior a 40% nesse período. A farinha argentina aumentou 50%. No Brasil, tivemos um impacto de 12% do dólar além do aumento do trigo, então, a partir de maio e junho, o repasse nos preços de farinha será inevitável”, conta.

Máquinas paradas e adubo estocado

O produtor rural Robson de Oliveira, de Tatuí (SP), havia reservado 160 hectares para o cultivo do cereal, mas o planejamento precisou ser modificado. Até agora, menos de 30% da área reservada foi plantada. O agricultor diz que não vai expandir os trabalhos com receio de comprometer a safra de soja. “Esse trigo é de ciclo longo! Mais ou menos, 145 a 150 dias. Entraria muito em outubro, atrapalhando a produção”, afirma.

Oliveira plantou o cereal há 30 dias em uma área de 25 hectares, mas até agora apenas 30% das sementes germinaram, por isso há falhas nas linhas de plantio. Segundo o agricultor, a produtividade deve ser 40% menor do que a esperada. “Se chover, vai conseguir ainda nascer, mas será difícil para fazer a adubação, porque não estará no período certo. Como vou aplicar fungicida na lavoura, terei uma planta mais formada e outra começando a nascer. Tem um período certo para aplicar fungicidas na planta”, diz.

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