Terceirização de mão de obra vai a discussão na Câmara

Projeto de lei tem influência direta sobre agropecuária, a exemplo da colheita do caféNo próximo dia 06 de abril, o plenário da Câmara dos Deputados coloca em pauta a discussão do projeto de lei que regulamenta a terceirização da mão de obra. O tema é uma antiga reivindicação do setor agrícola, que depende desse tipo de contratação para reduzir o custo de produção.

Fonte: Canal Rural

O projeto de lei tramita no Congresso Nacional há mais de 10 anos sem consenso. O texto formaliza a terceirização das atividades. Segundo avaliação do Sistema Famato, o estado de Mato Grosso, maior produtor de grão do país e o que mais utiliza agricultura mecanizada, seria um dos beneficiados com a aprovação da lei.

– A terceirização da mão de obra é uma forma de nós construirmos empregos, e emprego de qualidade. Todos os direitos dos trabalhadores estão assegurados a esses trabalhadores terceirizados. O que nós precisamos é facilitar a vida daqueles que querem produzir e o agronegócio é um caso específico disso, é muito peculiar a atividade do trabalhador no campo – diz o deputado federal Marcos Montes (PSD/MG).

No Brasil, o único ato regulatório da atividade está na súmula escrita pelo Tribunal Superior do Trabalho. Mas o documento é considerado inadequado para a atividade agrícola, e permite eventuais fraudes. Recentemente, a Justiça condenou empresas do setor de citricultura e elas tiveram de pagar multa de R$ 100 milhões por realizarem a colheita manual de forma irregular.

A lei permite que a terceirização ocorra tanto para pessoa física, quanto jurídica, fato essencial para a atividade agrícola, já que grande parte dos produtores são pessoas físicas. O texto também proíbe intermediar mão de obra, separando a terceirização, dos processos comuns de recrutamento e seleção.

– É isso que nós estamos defendendo, reduzir custos e facilitar que essas pessoas sejam empregadas e em empregos de qualidade, com boas remunerações. Que essas remunerações não fiquem no meio do caminho, através de algum imposto, alguma restrição, e sim, fiquem no bolso do trabalhador. Esse é um ponto das leis trabalhistas no campo, mas nós queremos fazer um capítulo na CLT específico para o campo – afirma Montes.

Se aprovada, a lei vai beneficiar principalmente os pequenos produtores que dependem dessa mão de obra para tornar a atividade viável. Um exemplo é Antônio Adilson Machado, que contrata todo o ano cerca de 10 pessoas para colher os 12 hectares de café na fazenda. Se não puder contar com o serviço, o custo de produção vai triplicar.

– Os encargos trabalhistas são muito altos, a gente corre o risco de ter problemas com sindicatos. Então, para mim ficaria muito se eu não pudesse contratar temporariamente, ou em épocas mais críticas da produção. Eu diria que a atividade iria se tornar inviável, não dá para produzir – comenta Machado.

Para o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, o aumento no custo de produção do café pode prejudicar a competitividade do produto brasileiro no mercado externo.

– Toda a nossa logística é feita com caminhões terceirizados. Se isso for proibido, nós temos mais de 600 caminhões contratados que fazem nossa logística. Na colheita de café, boa parte também é terceirizada, principalmente nas regiões montanhosas, porque é um trabalho de somente quatro meses e a pessoa não tem condições de contratar uma equipe muito grande e permanecer com eles. Vai ser uma tragédia muito grande para a nossa economia, que já está em recessão e, com essas leis, pode piorar mais a situação do país – indica Paulino.