Paste this at the end of the

tag in your AMP page, but only if missing and only once.

No Tocantins, extensão rural se concentra em Palmas

Presidente do Ruraltins admite que é preciso redistribuir os servidores nos escritórios do interiorNo Tocantins não faltam técnicos para atender a demanda de extensão rural do estado. O que falta é eles estarem distribuídos nos escritórios do interior, de acordo com o presidente do Ruraltins, Pedro Dias Corrêa da Silva.

Fonte: Canal Rural

Mas, mesmo que os técnicos estivessem bem distribuídos, dificilmente teriam condições de trabalho. É o que vimos na sétima reportagem nesta sétima reportagem sobre a extensão rural no Brasil. O cenário é o mesmo que vimos mostrando há meses: descaso e abandono.

– Hoje não falta de funcionário, o que precisa é reorganizar, redistribuir. Nós temos excesso em determinados lugares e falta de servidores em outros escritórios. É uma das preocupações nossas e já estamos agindo no sentido de reorganizar nossa equipe de forma a estar presente para atender os 189 municípios – promete o presidente do Ruraltins.
 
Mas, o que vimos, é mais do que falta de funcionários. A falta de estrutura parece um problema crônico. Em Tocantínia, nem mesmo a população sabe onde fica o escritório do Ruraltins, que funciona numa sala cedida dentro da Câmara dos Vereadores. Lá encontramos o assistente administrativo Ednei Silva Reis, que conta que o problema de espaço é crônico: são cinco servidores e espaço para apenas três.

– Como você vê, a gente tem dificuldade. Quando aglomera todos os funcionários aqui dentro alguém tem que sair para outro trabalhar.

Na cidade de Miracema do Tocantins, a 90 quilômetros da capital, encontramos o pior escritório de todos que visitamos ao longo desta série. No escritório onde trabalham cinco pessoas, praticamente não há forro no teto. Os enormes buracos do edifício construído na década de 1970, foram causados por cupins e pela chuva. A fiação elétrica, muito antiga, não funciona. Situação que dificulta ainda mais a vida de técnicos como o engenheiro agrônomo Delsimar Domes de Matos.

– Infelizmente a gente acaba se acostumando, a gente deixa de reivindicar, solicitar, foram tanto os governos que passaram e infelizmente não fomos atendidos. O próprio produtor quando chega aqui e encontra uma situação desta maneira não se sente bem. A gente vai fazendo o que pode.

Quadro completo

A realidade é a mesma nas sete regionais do órgão. Atualmente, o Ruraltins possui 600 funcionários diretos para atender 92 escritório. Segundo o presidente do Ruraltins, Pedro Dias Corrêa da Silva, o problema não é a falta extensionistas, mas má distribuição nos municípios. O último concurso foi realizado foi em 2012, com a contratação de 200 novos funcionários. Silva diz que a demanda do Escritório Central, em Palmas, era para no máximo 20 novos servidores. Hoje há 60 lotados lá.

– O que acontece é que hoje temos escritórios fechados no interior, onde deveria estar um servidor que está aqui. E este escritório está lotado, inexplicavelmente – admite o presidente do Ruraltins.

A própria sede do Ruraltins na capital tem problemas de infraestrutura. No terreno ao lado da sede, uma construção inacabada simboliza o desmanche da extensão rural no Tocantins. A obra da nova sede começou em 2008 e nunca terminou. Abandonado há sete anos, o edifício agora é fantasma, pago pelo dinheiro público.

– Aqui não pode ser vistoriado pelo corpo de bombeiros senão vai fechar, há risco de curto circuito, queimar arquivos e equipamentos importantes que temos. E ao lado tem esse prédio parado aqui. A nossa expectativa é que nesse governo seja concluída. Já está no orçamento – afirma o presidente do Ruraltins.

“Azar”

O Estado mais novo da federação foi criado em 1988. Três anos depois o órgão nacional responsável pela extensão rural no país, a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater), foi extinta. Para o atual presidente do Ruraltins, foi um golpe de azar para a extensão rural do Tocantins, que perdeu a referência nacional.

– Isto custou caro, o Ruraltins ficou sem chão. A partir do momento que a Embrater foi extinta, ficou sem referência para trabalhar os programas regionalizados, recursos orçamentários, políticas públicas que cada região demanda da sua realidade. Tivemos que nos virar com os Ministérios da Agricultura e seus órgãos afins, como a Embrapa.

Passados quase 25 anos, a extinção da Embrater ficou no passado, mas o descaso com a extensão rural parece cada vez mais presente em Tocantins.

Sem diárias

Além dos problemas de estrutura, faltam recursos para diárias e combustível. De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos no Estado do Tocantins (Sisepe), Cleiton Pinheiro, há servidores há mais de um ano sem receber diárias de viagem.

– Uma vez que o órgão não paga este servidor para poder se deslocar, ele arca do próprio bolso, vai pela vontade de prestar um bom serviço, de atender o cidadão. O Estado não tem a preocupação de reconhecer este trabalho que, na verdade, é um custo que este servidor tem a mais e deve ser indenizado – conta Pinheiro.

O novo presidente do órgão admite a herança de uma dívida de R$ 9 milhões, boa parte referente às diárias atrasadas dos funcionários. A promessa é de que este passivo seja resolvido ao longo dos próximos quatro anos.

VEJA AS REPORTAGENS ANTERIORES

• Abandonados à própria sorte
• Produção de sementes engolida pelo mato em São Paulo
• Dez anos de pesquisa perdidos em São Paulo
• Extensão rural de papel
• Bahia faz extensão rural com 230 técnicos
• Bahia terceiriza serviço de extensão rural e assistência técnica

Sair da versão mobile