A greve de trabalhadores nos portos na Argentina, que já dura duas semanas, é fator de preocupação para moinhos de trigo do Brasil. Mais de cem navios cargueiros estão enfrentando atrasos para carregar produtos agrícolas no país, conforme relatos de integrantes do setor.
Essa situação já afeta os preços do cereal tanto na bolsa de Chicago como no mercado interno brasileiro, que importa grandes volumes do país vizinho. Além disso, o governo do Reino Unido estima que a safra de trigo 2020 deve cair 40% em relação à safra passada.
Todos esses fatores impactam diretamente o mercado do Brasil. Para explicar como ficam as previsões para o início de 2021, o Rural Notícias conversou com o analista de mercado da T&F Agroeconômica, Luiz Pacheco, que explicou que as próximas semanas serão de dificuldades.
“Já são 15 dias de paralisação e o governo não se mexeu e não tentou impedir essa greve, porque é o governo socialista que se elegeu para ‘defender’ o povo’ e trabalhadores e, agora, não podem impedir a greve. A solução do país está na iniciativa privada, que gera divisas. Hoje conversei com três analistas argentinos e eles disseram que o governo precisa gerar mais dólares, pois o nível de endividamento está muito elevado e a inflação é uma realidade. Se a inflação vier, o sindicato terá que brigar outra vez, pois vão querer mais aumento, e o país verá algo parecido como o que vivemos no Brasil no final dos anos 1980”, disse.
Sobre o impacto que isso tudo pode gerar no Brasil, Pacheco informou que nosso estoque de trigo argentino dura até o final de janeiro. “Este ao que entra o Brasil vai necessitar de mais trigo importado do que o produzido internamente. Se não vier da Argentina, teremos que buscar no Canadá, EUA ou Rússia, que são cerca de mais caros e isso impacta direto no consumidor, ou seja, o pãozinho ficará ainda mais caro”, finalizou.