União Europeia pode cortar importação de limão-taiti brasileiro

O problema é o cancro cítrico, identificado em frutas que saíram do Brasil

Fonte: Agência de Notícias Embrapa/Divulgação

A União Europeia ameaça cortar a importação de limão-taiti do Brasil depois de identificar lotes com cancro cítrico. O problema foi detectado em oito contêineres, em mais de mil enviados para a União Europeia entre janeiro e julho. O limite imposto pelo bloco econômico é de cinco rejeições por ano.

Com isso, o limão-taiti brasileiro está ameaçado de ser banido do mercado europeu. A fruta responde hoje a 84% dos cítricos exportados in natura pelo Brasil. Os lotes contaminados saíram de São Paulo, estado responsável por 90% da plantação nacional e por 30% das exportações, a maior parte para a União Europeia. O restante vem da Bahia, onde o cancro cítrico ainda não chegou. O setor produtivo reivindica mudanças na atual legislação, especialmente a recomendação de erradicar as plantas contaminadas.

“A única alternativa é aquela que é usada no mundo todo: a mitigação, com áreas sem cancro cítrico, áreas que tiverem uma incidência muito baixa e que justifica a erradicação e o outro, com mitigação utilizando técnicas de quebra-vento, pulverizações adequadas e outras medidas que são bem conhecidas e eficientes”, disse o presidente da Câmara Setorial da Citricultura, Lourival Monaco.

Para o representante da Coopercitrus, Marco Santos, é preciso adequar, também, o controle nos packing-houses, que são galpões que abrigam as frutas antes da exportação. “Esses limões saem das propriedades em caixas, chegam nos packing-houses, onde são selecionados, lavados, embalado e, então, exportados. Como é tudo um processo manual, os trabalhadores dos packing-houses têm que ter um treinamento mais firme no sentido de detectar, efetivamente, essa fruta lesionada.”

O produtor Waldyr Promicia é um dos maiores exportadores do Brasil, com 200 mil pés da fruta. Ele explica que os produtores têm medo da legislação que trata do cancro cítrico e, por isso, acabam escondendo o problema. “A legislação diz que você tem que erradicar o pomar. Quando encontrado o problema tem que erradicar o pé e, depois, se a infestação for muito significativa, até o pomar vem a ser erradicado. O produtor pequeno se escondeu e o governo não tem efetivo para fiscalizar todo esse pessoal e nem tinha condição para entrar na propriedade e sair arrancando pomar, então aconteceu isso”, disse.

A infestação de cancro cítrico em 2016 foi mais grave do que de costume por causa do excesso de chuvas após dois anos de seca. Mas, o embarque de limão contaminado para a União Europeia também tem outro motivo: o setor produtivo assumiu que relaxou com o controle sanitário, atraído pelos altos preços pagos pelo produto brasileiro no mercado europeu.

“Os próprios produtores nos disseram que houve, realmente, um relaxamento devido ao alto preço da caixa de limão em euro no mercado europeu e, com esse desleixo, chegou à Europa o fruto com sintomas de cancro”, relatou o assessor da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), José Eduardo Brandão.

Resposta

Por meio de nota, o Ministério da Agricultura informou que já tomou as medidas necessárias para evitar novos casos. O secretário de Defesa Agropecuária, Luís Rangel, afirmou que uma missão sanitária da União Europeia vai vir ao Brasil para avaliar as providências tomadas para o controle do cancro cítrico nos pomares brasileiros. A missão ainda não tem data para chegar ao país.