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Usinas de cana viram alvo estratégico de invasões do MST

Só em São Paulo, 20 usinas de cana-de-açúcar já foram invadidas e saqueadas nos últimos meses 

Fonte: Canal Rural

Em meio à crise que assola o setor sucroenergético brasileiro, um agravante se faz presente nas principais regiões produtoras de cana: a invasão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Só em São Paulo, 20 locais já foram invadidos nos últimos meses. O Canal Rural flagrou a ação de um grupo saqueando uma usina no interior paulista.

– Várias usinas estão decretando falência ou estão em recuperação judicial – explica um dos líderes do MST, José Valdir Misnerovicz.

Em uma ação rápida, integrantes do movimento saqueiam a usina JJ, em Espírito Santo do Turvo, a 300 quilômetros de São Paulo. O que poderia ser apenas uma ação isolada é, na verdade, uma estratégia: o setor agora é foco do MST.

As regiões mais ocupadas são Presidente Prudente e Bauru, mas já ocorreram invasões em outros estados, como Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. Em Goiás, um dos líderes nacionais do MST admitiu a estratégia nacional nas usinas.

– Há uma tendência de que alguns setores que estão em crise tendem a ser alvos, no sentido de serem incorporados para o processo de assentamento. É o caso das usinas que estão decretando falência aqui em Goiás e no Brasil todo. Esta é uma possibilidade de as terras poderem ser incorporadas para programas de assentamento da reforma agrária – declara Misnerovicz. 

Na desocupação realizada em Espírito Santo do Turvo, integrantes do MST quebraram as câmeras de monitoramento, mas na correria, esqueceram uma delas, exatamente a que gravou o roubo de mais de R$ 200 mil em equipamentos e permitiu a identificação de grupo e os veículos utilizados. Todos foram presos e indiciados.

Um dos integrantes indiciados mora na cidade e tem emprego: trabalha em uma serraria. Ananias Pereira dos Santos Filho é funcionário de confiança do dono. Segundo a Polícia Civil, na casa dele foram encontrados os dois veículos que participaram da invasão à usina. Um dos carros estava com as rodas furtadas na hora da desocupação. 

O pai também trabalha no local e contou como o filho foi parar no movimento.

– Ele estava desempregado, aí entrou lá na turma e foi junto – conta, acrescentando que o irmão do dono da serraria, um caminhoneiro, também participa do MST.

Em outro endereço na mesma cidade, Antônio Carlos Pitana, também indiciado pela Polícia Civil, é motorista aposentado.

– Caí numa cilada, sabe? Não sou integrante, apenas estava passando com meu genro. Eu não vou me defender, não devo nada. O juiz que vai analisar, se eu devo ou não devo – defende-se.

– Todos eles possuem não só casa, mas também possuem carros. Alguns até mais de um carro. Então verifica-se que esses indivíduos denominados sem terra, excluídos da sociedade, na verdade, são pessoas que possuem posses, bens e que não necessitariam estar engajados em um movimento social como esse – afirma o delegado Renato Mardegan.

Em uma propriedade de Vila Proprício, em Goiás, ocorre a desocupação de uma fazenda invadida há 30 dias. Ao chegar, os moradores encontram as casas arrombadas, sem aparelhos domésticos, comida e televisão. 

– Esse pessoal do MST chega botando terror. Destróem a beirada do rio onde acampam, matam as criações, saqueiam a sede, a casas dos colonos. [Tem] ameaça direta, botam alguém pra ligar: “ó, no sábado nós vamos; fim de semana nós vamos”, então você fica tenso o tempo todo. Se espalha pelos botecos: “ó, tal dia vamos invadir a fazenda” – relata o produtor rural Pedro Olimpio. 

O líder do MST José Valdir Misnerovicz explica que, enquanto a lógica do latifundiário é acumular e concentrar terra, “a nossa é da democratização da terra”. 

– Nós caminhos em campos opostos. De qualquer forma, temos uma Constituição e a Constituição é muito clara: toda terra que não cumprir com sua função social e ambiental deve ser destinada à reforma agrária. Não resolve liminar de reintegração de posse, não resolve uso da força para retirar as famílias, elas vão e voltam – destaca.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz, ressalta que, quando um setor fica vulnerável, vira alvo de “aproveitadores”:

– Este movimento não é um movimento de justiça social. O setor de açúcar e álcool no último mandato sofreu golpes fortíssimos, financeiramente ele está superdebilitado – reforça. 

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