A disputa de vagas destinadas a zootecnistas tem gerado polêmica pelo fato de médicos veterinários e engenheiros agrônomos estarem, cada vez mais, brigando pelo posto de trabalho. Um Projeto de Lei foi criado para tentar delimitar a área de atuação de cada uma das profissões, mas ele continua parado na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
Autora do projeto, a deputada Júlia Marinho (PSC/PA) quer alterar uma lei de 1968 que permite que engenheiros agrônomos e veterinários atuem também como zootecnista. “Os projeto de lei está parado aguardando o parecer do relator. Nós pedimos urgência e acreditamos que ele será debatido já no início do segundo semestre”, disse a parlamentar.
O atual vice-governador do Pará, Zequinha Marinho propôs um projeto parecido enquanto era deputado federal, mas o texto foi arquivado. “A regulamentação exigia que os outros profissionais tivessem uma carga horária média, durante o curso, de 1.500 horas com as mesmas atribuições de um zootecnista, que tem 4.800 horas em sua especialidade”, disse.
A proposta, no entanto, não foi bem aceita pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. “É claro que o zootecnista tem muito mais conhecimento, mas não queremos perder nossas atribuições. Existe sombreamento e ele tem que ser respeitado, como existe em toda engenharia e se os engenheiros agrônomos saírem, eles não vão dar conta de tudo porque não tem zootecnista no mercado o suficiente”, ressaltou o conselheiro federal, Francisco Soares.
A formação em medicina veterinária tem maior foco na sanidade animal, já a engenharia agronômica se concentra na produtividade agrícola. Ambas atividades, no entanto, abrangem a área de atuação da zootecnia, que é a produtividade animal.
Um dos principais pleitos dos zootecnistas é que, por exemplo, em um concurso público com vagas destinadas à categoria, apenas quem tem formação na área possa concorrer. “Suponhamos que passe um agrônomo, que passará a exercer a função de zootecnista que, por sua vez, é fiscalizada pelo Conselho de Medicina Veterinária. Isso causa uma série de anomalias na legislação e quem sai prejudicada é a sociedade, que quer um profissional qualificado e que seja fiscalizado pelo órgão fiscalizador”, disse o vice-presidente eleito da Associação Brasileira de Zootecnistas, Cássio José da Silva.
Esse argumento, no entanto, é criticado pelo vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária, Josélio Moura. “Não achamos correto essa reserva de mercado, principalmente no setor público. Se os zootecnistas se consideram extremamente capazes para exercer a zootecnia, por que eles têm medo da concorrência? No setor privado, deixa o produtor rural escolher qual o perfil que mais interessa o seu tipo de produção”, comentou.