O vazio sanitário para a cultura de soja já começou. Em Mato Grosso, o período vai até 15 de setembro. Os especialistas acreditam que, neste ano, o produtor rural vai ter mais trabalho para eliminar as chamadas plantas guaxas, que nascem de grãos perdidos na colheita ou durante o transporte.
Às margens da rodovia BR-163, na altura do município de Nova Mutum (MT), já é possível avistar muitas dessas plantas. O motivo é que por ali passam os caminhões que transportam soja pra os portos do Arco Norte, e muitos grãos acabam ficando pelo caminho. “Os caminhões derrubam adubo, derrubam sementes e elas emergem”, diz o engenheiro agrônomo Naildo Lopes.
De acordo com o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Elso Pozzobom, é necessário maior controle sobre essa situação. Ele afirma que a limpeza de áreas ao longo das estradas é um problema, sobretudo nas rodovias federais operadas por concessionárias.
Com chuvas no estado até praticamente o fim de maio, a possibilidade de emergência de plantas guaxas aumenta neste ano. “Precisamos que o produtor fique bastante atento e cuide de sua lavoura, fazendo a destruição dessas plantas”, diz Pozzobom.
Mesmo aposentado do cargo de fiscal do Ministério da Agricultura, o consultor em fitopatologia Wanderlei Dias Guerra mantém a rotina de monitorar as principais rodovias do estado e os municípios de maior importância na produção de soja.
Ele conta que a situação nos municípios de Primavera do Leste e Campo Verde a situação é ainda pior do que em Nova Mutum, já que as condições climáticas foram melhores. A preocupação é que as plantas guaxas, lembra Guerra, ajudam a disseminar a ferrugem asiática, doença que consegue sobreviver por mais de 40 dias nas folhas secas da soja.
“Se começar a chover cedo, e os produtores plantarem mais cedo, com a perda de eficiência dos fungicidas podemos ter problemas. Não basta apenas conscientização, é preciso por a mão na massa”, diz.