O Ministério da Agricultura divulgou nesta semana os nomes das 45 marcas de azeites que apresentaram irregularidades em testes realizados por fiscais do governo. Ao todo, foram inspecionadas 279 amostras de 214 lotes, dos quais 38,7% tinham problemas, sendo 79% das irregularidades relacionadas à baixa qualidade do produto. Mas, e para o consumidor, existe alguma receita para identificar um produto de qualidade duvidosa?
Segundo o ministério, a fraude mais comum era de empresas que vendiam o produto como azeite de oliva, mas na verdade tinha composição 85% de óleo e 15% de lampante, que tem cheiro forte, acidez elevada, extraído de azeitonas deterioradas e que não deve ser destinado à alimentação. Segundo a coordenadora da Proteste, Pryscilla Casagrande, o problema está nas empresas envazadoras no Brasil e dá algumas dicas para o consumidor não cair na armadilha dos produtos fraudados.
“O azeite considerado extravirgem é produzido e engarrafado pelo mesmo local, o que demonstra uma certa dificuldade para que essa fraude não aconteça no produto. Outra dica importante é para o consumidor comprar o produto com a fabricação mais próxima do dia atual, pois um produto mais fresco que não sofreu tanto com a distribuição e armazenamento acaba mantendo as características sensoriais do próprio produto”, disse.
Tudo é indicado no rótulo e, outra dica valiosa, é em relação ao preço: se for muito barato, desconfie.
“Outra informação importante é a leitura do rótulo e, nesse caso, existe um tipo de azeite que já traz que é um codimento em letras maiores, como azeite de oliva e óleo de girassol. Muitas vezes o consumidor encontra no mercado um nome bem pequeno com o tempero, o que indica que o azeite não é extravirgem porque, segundo a legislação brasileira, para obter esse título, o produto precisa ser 100% azeite de oliva extravirgem”, analisou Pryscilla.
Quanto menos acidez, melhor é o azeite e eles são classificados em três tipos: o extravirgem, com acidez menor de 0,8%; o virgem, com acidez entre 0,8% e 2% e o lampante, com mais de 2%.Os dois primeiros podem ser consumidos in natura e o último deve ser refinado, para depois ser consumido.
Teste rápido
Dono de uma loja de azeite com mais de 70 marcas do mundo inteiro, Arnaldo Comin é especialista no produto e mostra como fazer um teste rápido para descobrir se o produto é de boa qualidade. “O azeite é um suco natural de fruta, da azeitona. Sendo assim, ele tem que ter aromas e sabores. Se você perceber que está muito doce, ele está com algum problema, como a fermentação, por exemplo”, disse ao provar um dos azeites de sua loja.
Ao abrir outro frasco, desta vez de um produto italiano, Arnaldo indica que tem notas verdes, como grama cortada, o que é um bom sinal de frescor e qualidade. “Se você provar um azeite em casa, a primeira coisa que você precisa perceber é se ele tem gosto, pois um azeite precisa ter sabor”, disse.
O Brasil é o terceiro maior importador de azeite de oliva do mundo, sendo que apenas no ano passado essa quantidade passou das 50 milhões de toneladas. Os mais premiados são italianos e espanhóis, mas Arnaldo garante que os nacionais também são de altíssima qualidade.
“O país agora virou um produtor de azeites, mas ainda temos uma produção artesanal muito concentrada na (Serra da) Mantiqueira e no Rio Grande do Sul, que estão fazendo um trabalho excelente. Então, se você tiver a oportunidade de encontrar um azeite desta origem, eu recomendo pela qualidade, apesar do preço um pouco elevado”, finalizou.