Com a soja e o milho atingindo patamares históricos de produção, exportação e rentabilidade, muitos produtores pretendem ampliar a área plantada. Além disso, investidores estão comprando terra para lucrar com o arrendamento.
Na nova série do Rural Notícias, O Preço da Terra, vamos mostrar o aquecimento do mercado imobiliário rural no Brasil. Onde está o hectare mais caro? E o mais barato? O que é melhor, comprar ou arrendar? Quais os cuidados com a documentação? Na primeira reportagem, você vai conhecer as regiões mais valorizadas do país
Segundo o corretor rural Nilo Ourique, onde a soja ‘entrou bem’, houve uma grande valorização da terra. Em algumas regiões, a valorização chegou aos 500%. Com isso, o perfil dos compradores também mudou e, hoje, os interessados não são apenas produtores querendo ampliar a área, são também investidores que buscam no agro uma alternativa de rentabilidade.
“Sergipe tem mais de cinco mil produtores de milho, destes, a maior parte não são produtores rurais e sim investidores, donos de supermercados, donos de farmácia, dono de revendedor de veículo , médico, juiz, advogado ou deputados. Gente que tem uma grana enorme”, falou o produtor rural Cleiton Santos.
Neste cenário, pessoas sem nenhuma ligação com o agro estão comprando terra para arrendar. “Vou citar o exemplo de um arrendamento de 10 sacas de soja por hectare. Esse arrendamento no início do ano estava R$ 850 reais por hectare, a R$ 85 o soja. Vamos colocar um soja a R$ 125 hoje, aumentou R$ 400 reais por hectare sem fazer nada”, disse o corretor.
Atualmente, não existe no Brasil uma metodologia padronizada de pesquisa nacional para se estabelecer o valor de uma terra e acompanhar a oscilação de preços ao longo dos anos. Mas, segundo um estudo feito por uma consultoria ligada ao agro, o aumento médio no valor da terra nos últimos 5 anos foi de 55%. Essa valorização se deu principalmente nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O produtor rural Junior Milanesi assumiu a propriedade da família em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul em 2012, quando se formou em agronomia. Nos últimos oito anos, o preço da terra na região praticamente triplicou. “Adquirimos áreas por 500, 550 sacas por hectare quando a soja estava R$ 70, que era um baita preço. Isso na região baseava em 35 mil reais o hectare. Hoje em dia, o pessoal está pedindo 840, 850 sacas o hectare e o preço do soja dobrou praticamente, então podemos arredondar em 100 mil reais o hectare”, contou.
A região Centro-Oeste já foi uma opção de terra barata há 30 anos. Atualmente, os produtores menores estão sendo esmagados pelos maiores que buscam ampliação de áreas. “É uma região cercada de grandes e os grandes começam a cutucar para comprar a propriedade. E esse produtor percebe que não tem mais como crescer e as propriedades estão muito caras em torno dele e os outros são maiores. O que que ele faz? Ele sai”, disse Ourique.
Para a corretora Neiva Dalla Valle, de Mato Grosso, disse confirma essa realidade. “Temos muitos produtores menores com 600, 800 hectares que estão no meio de agricultores maiores. Eles vendem e vão subindo mais ao norte. Com o valor que eles recebem pela venda da área, eles conseguem comprar em outra área mais barato e produzir mais”, disse.