O preço do leite subiu no interior de São Paulo no mês de abril e, apesar da boa notícia para o produtor, o problema de renda ainda é grave. Para reverter a situação, consultores e analistas dão dicas para melhorar a gestão da propriedade e garantir a sobrevivência na atividade leiteira.
Atualmente, o produtor de leite está recebendo R$ 1,42 por litro e, se comparar com o mesmo período do ano passado, a situação é melhor, quando o valor pago girava em R$ 1,21 por litro. “A oferta tá caindo por causa da sazonalidade e as empresas estão buscando leite. Então, há uma competição razoavelmente grande no campo por leite e os preços estão aumentando”, falou o analista de mercado Valter Galan.
O problema é que o este cenário favorável não deve se manter por muito tempo e é preciso que o produtor fique de olho na gestão da propriedade para garantir a margem de lucro nos períodos de queda e, principalmente, manter o equilíbrio das contas. “Provavelmente não vamos ter um preço 15% mais alto, em termos reais, o ano todo. Esse preço deve começar a cair por causa do consumo, então, a expectativa de entrada de safra no Sul do país, a partir do final de maio, a gente começa a ter mais oferta no mercado. Com isso, o produtor tem que olhar a atividade no período de 12 meses e distribuir o lucro de hoje para o período de queda no preço”, disse Galan.
Para que o produtor consiga economizar, o especialista dá algumas dicas para diminuir os custos. A primeira é a escolha do o momento certo para a compra de insumos. “O primeiro semestre é melhor pra comprar insumos porque toda produção ocorre no segundo semestre. Milho tem duas safras, então tem a safra de verão que é uma safra menor, e que tem uma janela entre janeiro e fevereiro com baixa nos preços e tem a safrinha, que na verdade é um menor volume de milho do país, a partir de junho e julho, aonde os preços caem também. Então, no milho, são essas duas oportunidades de compra.”
A segunda dica do analista é para o produtor sempre ficar atento ao rebanho e ao valor investido. “Os animais que dão dinheiro para o produtor são as vacas em lactação e ele tem que ver a proporção de vacas em lactação sobre o total de vacas e o total de animais. Se ele tem muita vaca seca sem produzir, com problema reprodutivo, touros e muito bezerro, esses outros animais comem e gastam sem produzir renda, o que demonstra que o rebanho não tem uma estrutura ideal. Outro aspecto é o investimento por litro de leite produzido e, se ele tem mais de R$ 1 mil investidos por litro de leite produzido por dia, terá que produzir mais leite para diluir o investimento que ele tem”, completou.
Quem segue as dicas garante que elas funcionam, como é o caso do produtor José Dini, que produz cerca de 3 mil litros de leite por mês. Para garantir a estabilidade das contas no período de estiagem, ele já se organizou para economizar cerca de 30% do lucro que vai ter com a alta deste mês.
“A vaca seca sempre foi um problema, mas a gente sempre faz um esforço. Sempre tem um pastinho do lado e a gente coloca ela ali, mantendo ela bem alimentada, bem tratada, pra quando ela começar a produzir o leite, esteja em um bom”, falou o produtor.