Venda casada de bancos é discutida por deputados

Audiência na Câmara contou com participação de representantes de bancos comerciais, do BC e de produtores

A polêmica da venda casada de produtos no momento da contratação de crédito foi assunto de uma audiência nesta terça, dia 18, na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. O encontro contou com a participação de representantes de bancos comerciais, do Banco Central (BC) e de associações de produtores.

A Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), que representa 20 mil arrozeiros do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, veio reclamar da prática. Segundo o representante da entidade, Henrique Dornelles, o produtor que busca crédito rural em qualquer instituição bancária é obrigado a contratar outros serviços, como seguro rural e até títulos de capitalização.

– Ele é obrigado a aplicar parte dos recursos em poupança, aplicações financeiras, consórcios, seguros, cartões de crédito… E isso aumenta o custo do produtor. Eu digo que a maioria, mais de 50%, acontece isso – afirma José Carlos Pires, assessor da Federarroz.

Os representantes dos bancos não quiseram falar com a imprensa, mas afirmam que as instituições não exigem a contratação de outros serviços para garantir o acesso ao crédito. O BC garante que fiscaliza esse tipo de ocorrência, quando é notificado da irregularidade. O problema, segundo ele, é que quase não há denúncias por parte dos produtores.

– Se houvesse controle rígido, a gente não ia discutir esse problema todos os anos. Não dá mais para tapar o sol com a peneira. Isso já foi objeto de estudo, pesquisa e avaliações, que demonstram que há um impacto em 10% no preço final, elevando as taxas de juros pagas pelo produtor, que contratam a 8% e chegam a pagar 20% – calcula o diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa.

O Ministério da Agricultura (Mapa) diz que pouco pode fazer em relação ao problema.

– O que nós fazemos, quando temos conhecimento formal, é conversar com a diretoria das instituições, dos bancos, pra que investiguem. Agora, os agentes que concedem esse crédito, eles que teriam – se estão de fato praticando isso – é a eles que tem que ser feitas essas perguntas – defende o diretor do Departamento de Estudos Econômicos do Mapa, Wilson Vaz de Araújo.