A remuneração entre R$ 100 mil e R$ 120 mil por ano chama atenção, mas ser um piloto de aviação agrícola não é tão simples. Considerada a modalidade aeronaútica mais perigosa, exige do candidato um curso homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e um atestado de 400 horas de voo.
O piloto e gestor de segurança operacional, Thiago Texter, diz que o foco do seu trabalho é treinar e conscientizar os novos pilotos que estão entrando no mercado sobre o momento da operação. “O fato de ser uma aviação de risco, de ser voar muito perto de redes, de árvores, de ter a necessidade de fazer um julgamento correto, exige muito do profissional”.
Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), a maioria dos acidentes com aviões agrícolas é causada pelas falhas humanas e não técnicas. Não exceder a jornada de trabalho e estar sempre atualizado pode ajudar a evitar esse problema. “Voar já é algo diferenciado. Voar baixo, em situações muitas vezes meteorológicas adversas, não é tão simples. Em relação ao restante da aviação, é um índice de acidentes alto e trabalhamos todos os anos para diminui-lo”, afirma Adriano Castanho, piloto e diretor de relações institucionais da entidade.
José Maurício de Souza, piloto há 29 anos, testa rigorosamente todas as aeronaves. Ele garante que seguir as indicações operacionais, como o limite de peso, por exemplo, é fundamental. “O que acontece é se tiver com excesso de peso a decolagem se torna mais difícil. As manobras de reversão no caso de balão são mais perigosas. É mais fácil acontecer uma perda de sustentação. Abaixa a altura e aí causa um acidente fatal”, explica.
Nos últimos anos, a principal fabricante de aeronaves agrícolas utilizadas no Brasil melhorou a estrutura de cabine, visando aumentar a segurança ao piloto. Instalou ar condicionado, evitando a abertura da janela durante o voo e a inalação do agroquímico, e um airbag no cinto de segurança, para protegê-lo de um possível impacto.
De acordo com o gerente comercial de aviação agrícola da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), Marcelo Gerulaitis, algumas alterações foram feitas nos instrumentos do painel das aeronaves, facilitando a operação. “Mudamos os ângulos das alavancas e dos pedais para que o piloto tenha mais conforto. O que a gente enxerga para o futuro são essas tendências de monitoramento e precisão da aplicação”, declara.