A população da cidade gaúcha de Rolante ainda sofre com os efeitos de uma enchente causada pelo rompimento de um açude na última sexta-feira, que acabou provocando vários prejuízos na comunidade local, que tem 25% dos seus 20 mil habitantes como dependentes da agricultura familiar.
Passado o temporal, a empresária Carmen Ross ainda lembra os momentos de terror e contabiliza as ainda perdas. “A gente ouvia o gado passando e berrando. Estava muito escuro e não dava pra ver o leito do rio. Era desesperador porque os animais não conseguiam parar, pois não tinha mais chão. Virou um aguaceiro, que vinha trazendo tudo que via pela frente”, disse.
Até esta segunda, não havia um número oficial de animais mortos com a enxurrada. O pecuarista Antônio Negri da Silveira, no entanto, agradece pela perda não ter sido maior em seu rebanho de 40 cabeças de gado. “Perdi uma terneira, que foi junto com a água. Eu notei hoje pela manhã, pois a vaca berrava a noite toda e eu não sabia que era a mãe dessa terneira”, falou.
Além dos animais, as plantações também sofreram com o temporal. “Perdi uma roça de cana e metade da vagem do milho, além de um açude, onde perdi os peixes”, lamentou a produtora rural Iracema Guimarães Anich.
Visita presidencial
O presidente Michel Temer visitou a região nesta segunda para avaliar os estragos no município. Após a visita, o prefeito de Rolante, Ademir Gomes Gonçalves, disse que espera uma ajuda do governo federal para reerguer a cidade. “Precisamos do auxílio às famílias com a liberação do FGTS e do cartão Minha Casa Melhor, para que eles possam se reestabelecer e recuperar os utensílios perdidos com essa enxurrada. Além disso, é preciso ajudar os agricultores que perderam suas lavouras, perderam seu gado e, sobretudo, a fonte de renda.”
Nos próximos dias, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) pretende realizar um levantamento para descobrir o prejuízo causado pela forte chuva, conforme relatou a chefe regional do órgão Janelise Wastowski. “É quase que imensurável esse cálculo, mas vamos fazer um diagnóstico a partir de quarta-feira. Vamos nos concentrar nesta comunidade, com um ‘quartel-general’ que contará com apoio de colegas da Emater, sindicato dos trabalhadores rurais e a secretaria da agricultura”, disse.
Ainda segundo Janelise, cada família fará um cadastro individual no qual será avaliado o prejuízo causado pelas chuvas.