Chuva em excesso de um lado do Brasil e escassez no outro. A meteorologia explica que além das condições sazonais, que são as influências das estações do ano, o clima no Brasil e no mundo tem oscilações interanuais como os fenômenos de grande escala, El Niño e La Niña e oscilações interdecadais que predominam ainda mais sobres os ciclos naturais da terra. Uma delas é conhecida como Oscilação Decadal do Pacífico (ODP).
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A ODP se trata de um período que dura, em média 30 anos, de águas mais frias ou mais quentes do oceano Pacífico Equatorial o que, consequentemente, traz mais ocorrência de El Niños, na fase quente e La Niñas, na fase fria. A previsão do tempo destaca que, neste momento, estamos na fase fria, que começou no início dos anos 2000, e tem trazido menor quantidade de chuva nas regiões das bacias hidrográficas do Sul e Sudeste e dificuldades para a agricultura em ter que produzir com mais com menos umidade. Cerca de 20 a 30 anos atrás disso, mais ou menos entre 1970 até os anos 2000, o oceano Pacífico Equatorial vivia uma fase de águas predominantemente mais quentes.
“Isto não quer dizer que em um período de ODP com oceanos mais frios a gente não possa ter El Niños. No entanto, o que se observa é que uma maior quantidade de La Niña predomina sobre o El Niño nos últimos 10 anos”, explica Desirée Brandt, meteorologista da Somar.
Os resultados destas interferências mais constantes de La Niña, como já vivemos nas últimas duas safras, é a escassez maior de chuva no Centro-Sul do Brasil que tem provocado quebras em boa parte das commodities e o excesso de chuva na metade Norte. Além disso, o La Niña traz ondas de frio mais intensas e precoces que podem afetar a segunda safra de milho além de estender o frio em meados de setembro. Os episódios de geadas do ano passado também afetaram diversas culturas, provocando prejuízos irreversíveis.
“Ainda não há uma data precisa de quando esta ODP negativa deva acabar. O que a gente sabe pelos estudos publicados por especialistas é que a chance de termos mais La Niñas é grande a longo prazo”, explica Brandt. Com esta projeção, dá pra ter uma ideia que os desafios enfrentados por diversos setores da economia por conta da crise hídrica, devem continuar, pelo menos, até o fim desta década que acaba de começar.