A irregularidade das chuvas favorece o ataque de pragas e deixa agricultores de Mato Grosso apreensivos com a safra de soja 2020/2021. Em algumas regiões, as estimativas de perdas de produtividade são significativas, mesmo com os produtores gastaram até R$ 250 por hectare a mais do que o previsto com aplicação de defensivos.
A lavoura de Rogério Berwanger, de Juscimeira, sofreu um ataque devastador. Nos talhões mais afetados, a estimativa é de que a produtividade encolha em torno de cinco sacas por hectare. Prejuízo causado pelo besouro conhecido como torrãozinho.
“É um inseto difícil de controlar, e nos últimos anos, estamos fazendo tratamento de semente, mas esse ano ele começou atacar depois depois da soja começar soltar as primeiras duas folhas, quando estava muito seco, com as primeiras chuvas começou a procriar”, conta.
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O produtor Euclásio Garruti Junior também enfrenta problemas com a praga, que está presente em 40% dos 5.800 hectares cultivados com soja. Para controlar a proliferação do inseto e evitar perdas na produtividade, ele teve que gastar mais com uma aplicação de inseticida que não estava nos planos. “Não tinha aplicação prevista pra ele, nem produto específico, mas tem que ser feito, tem que aplicar”, diz.
Na fazenda do produtor Dirceu Ogliari Junior, são as lagartas spodopteras que ameaçam a lavoura de 6.320 hectares de soja. A praga não tem dado trégua e o agricultor está preocupado. Além do custo de uma aplicação de inseticida a mais que o previsto, ele estima queda de até duas sacas por hectare na produtividade.
“Está sendo mais voraz, está comendo mais. Menos lagartas estão causando danos maiores. Temos que ficar alerta no ataque desta praga, que vem atacando tanto soja RR quanto soja intacta sob alta pressão”, afirma Ogliari Junior.
O vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, afirma que o atraso de plantio e também o aumento da janela de cultivo faz com que as últimas lavouras também sejam mais atacadas por pragas.
“Se as chuvas se intensificarem mais para frente em janeiro, fevereiro, podemos ter sérios problemas com ferrugem nessas últimas lavouras plantadas onde os prejuízos acabam se intensificando ainda mais”, diz.