A colheita de soja em Mato Grosso já começou. Contudo, os agricultores relatam preocupação com a umidade das primeiras áreas prontas e com a falta de defensivos para o manejo. Na fazenda Esperança, em Jaciara, no sudeste do estado, por exemplo, há pressa para evitar que o excesso de água comprometa ainda mais a produtividade da lavoura.
“Tínhamos uma variedade precoce plantada em 16 de setembro e o excesso de chuva em dezembro, que teve um acúmulo de 15 dias chovendo, vai afetar a questão da qualidade do grão, com alguns já avariados”, conta o agricultor Jean Fritsch. “A primeira área que estamos colhendo está com uma produtividade média de 40 sacas por hectare, bem abaixo do que esperávamos”.
Ao todo, o produtor cultivou 1.600 hectares de soja e espera que o desempenho das plantações mais tardias amenize o prejuízo contabilizado nas primeiras áreas. No entanto, teme que a falta de insumos para os tratos culturais frustre a expectativa de colher em média 58 sacas por hectare.
“O volume [de insumos] que tínhamos pedido foi 90% cancelado e recebemos apenas 10%. Não tem perspectiva de chegar; estamos tendo de procurar novas ferramentas para dessecar a soja”, relata Fritsch. Segundo ele, a alternativa tem sido deixar a natureza se encarregar do processo de secagem, mas isso tem um preço: a piora da uniformidade do grão.
“Como a primeira área vem produzindo abaixo do que esperávamos e sendo uma das melhores áreas de fertilidade, a tendência das demais áreas é ser ainda pior, bem abaixo de nossa expectativa de produção”, projeta.
Na safra 21/22, as lavouras de soja em Mato Grosso ocupam mais de 10.850 milhões de hectares, quase 4% a mais do que na última temporada. Conforme expectativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), serão colhidas pouco mais de 38 milhões milhões de toneladas da oleaginosa, alta de 5,5% em comparação ao ciclo anterior.
Produtor de soja otimista
Na fazenda Rio do Sangue, em Brasnorte, a colheita dos 11 mil hectares também começou esta semana. O agricultor está animado com o desempenho dos primeiros talhões. “Esse primeiro bloco nosso, que é 3500 hectares, a expectativa é de 75 sacas, mas vamos ver, o grão tem que pesar, tem uns dias nublados, mas as lavouras estão carregadas. Se o grão pesar é 75 sacas”, diz o agricultor Jorge Pires Júnior.
A expectativa otimista, apesar dos obstáculos desta safra, também se estende aos demais agricultores do município. “O município de Brasnorte sempre foi baseado, ancorado economicamente na pecuária. Hoje somos um município de grande destaque em nosso estado com base na agricultura. Esse ano provavelmente vamos ter boa colheita”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Brasnorte, Cleber José dos Santos.