Não é segredo para ninguém que a cultura da soja tem atraído cada vez mais produtores. Prova disso é que nesta safra 21/22, o Brasil deve ultrapassar os 40 milhões de hectares cultivados com o grão – área equivalente a quatro vezes o território de Portugal. Além disso, a produção, mais uma vez, tende a ser recorde, estimada em 142 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Entretanto, também não se pode negar que a instalação, manutenção e colheita da oleaginosa têm pesado cada vez mais no bolso do agricultor. Para mensurar essa crescente alta, o último levantamento mensal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) referente a outubro projetou os custos de produção da soja em igual período da safra 2022/2023. De acordo com o estudo, o sojicultor terá despesas 43,17% maiores no próximo ciclo, de R$ 4.072,37 para R$ 5.830,33 por hectare cultivado.
Mas quais fatores impulsionarão esse incremento? O principal deles, como o amigo produtor já deve imaginar, são os fertilizantes e corretivos, com possível alta de 96%. Neste campo, o preço dos macronutrientes, como nitrogênio, potássio e fósforo deve crescer 103%. Já os micronutrientes, tais como cobalto e molibdênio, terão alta de 32%.
Semente de soja e outros insumos
O levantamento do Imea também aponta que o sojicultor será onerado em 65,84% na compra de sementes em relação ao que foi em 2021. Completando o cenário de altas, as despesas financeiras, que envolvem os financiamentos e seguro da produção, poderão ficar 37,46% maiores.
As operações mecanizadas também entram na conta. Nessa esfera, o custo de manejo pré-plantio, adubação e aplicações com máquinas tendem a ficar 23,8% mais caras.
Como já apontado pelo diretor técnico adjunto da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Reginaldo Minaré, a safra 22/23 poderá ser a mais cara desde o início dos anos 2000. “Toda essa conjuntura de aumento de preço – seja do combustível, aproximadamente 65% este ano; da energia, 25%; dos insumos, fertilizantes e defensivos, em média 100% mais caros e problemas com o aumento de frete, de contêineres – coloca uma expectativa de que a próxima safra será a mais cara do século”, afirma.