Após uma intensa escalada de aumento nos custos de produção da soja em 2022, há, finalmente, uma luz no fim do túnel: redução de preços. Pelo menos em Mato Grosso, maior produtor do grão no país.
De acordo com relatório de março – referente a fevereiro – do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os custos operacionais totais da oleaginosa no estado podem apresentar queda de 3,1% na safra 2023/24, indo dos atuais R$ 6.557,27 por hectare para R$ 6.349,63. Não estão inclusos nesta conta os custos de oportunidade, como capital circulante e benfeitorias, por exemplo.
O que deixa a safra de soja mais barata?
Os dois principais insumos que contribuem para a diminuição dos números são a semente e os fertilizantes, como o relatório anterior já havia sinalizado. Assim, quanto ao primeiro, a redução é de 23,6%, o que significa que o preço médio pode cair dos atuais R$ 783,46 para R$ 597,82 a cada hectare semeado. Já em relação ao adubo, o decréscimo chega a 19,5%, passando de R$ 2.417,29/ha para R$ 1.944,63/ha.
A respeito dos defensivos, a diminuição dos preços tende a ser mais tímida. Contudo, não menos benéfica ao sojicultor: de R$ 1.373,00 para R$ 1.357,96 a cada hectare aplicado. Neste segmento, o Imea enxerga que apenas o adjuvante não deve ter redução de custo.
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, ainda é cedo para cravar que a safra 23/24 permitirá que o produtor de soja desembolse menos dinheiro para produzir. No entanto, de acordo com ele, esta é uma possibilidade, haja vista a redução internacional dos preços dos fertilizantes, algo que pode perdurar ao longo do ano.
O que aumenta de preço?
Entre os principais elementos a apresentarem aumento nos custos estão as atividades de pós-produção, que podem fazer o produtor de soja gastar 9% a mais do que na safra 2022/23. Isso porque vai de R$ 177,42 por hectare cultivado para R$ 193,29. Nesta conta, o fator que mais contribui para o encarecimento é o transporte, cuja alta pode chegar a 48% – R$ 82,39 para R$ 122,16/ha.
Entretanto, a classificação e o beneficiamento decrescem 17,9%, passando da média atual de R$ 68,18 por hectare para R$ 55,91. Para a armazenagem, a redução também é significativa: 43,2% (R$ 26,84 para R$ 15,22/ha).
Ainda assim, o arrendamento em Mato Grosso é outro persistente vilão nas contas do agricultor, com alta de 15,4%. Nesta conta, cada hectare passa da média de R$ 301,41 para R$ 348,04.