O Paraná pode ser considerado um exemplo no quesito “diminuição do desperdício na colheita da soja”. Na década de 1980, a estimativa apontava para perdas que variavam entre 3 e 7 sacas de soja por hectare no estado. Mas, atualmente, a média é de 1,05 sacas de soja. O segredo para essa importante redução é um método simples, criado pela Embrapa ainda naquela década.
Não existem dados oficiais sobre isso no país, mas a estimativa da Embrapa é que no Brasil as perdas na colheita são maiores que duas sacas por hectare na média. O método criado pela entidade não consiste em um passe de mágica para diminuir o problema, mas sim, em mostrar que ele existe.
Na década de 1980, a Embrapa desenvolveu um kit bem simples que pode revelar o tamanho das perdas por hectare. “A otimização do processo de colheita da soja passa pela quantificação das perdas e o entendimento das suas causas, bem como a promoção de treinamentos para a qualificação de operadores de colhedoras”, diz o pesquisador da Embrapa Osmar Conte.
O kit
A metodologia desenvolvida pela Embrapa considera a relação entre o peso e o volume de grãos. A ferramenta é constantemente atualizada e aprimorada para se adequar às novas máquinas e às mudanças no processo produtivo da soja.
O atual “Kit de Monitoramento de Perdas na Colheita” usado na soja é formado por um copo medidor, uma armação de 4 metros de largura por 0,5 m de comprimento (2 metros quadrados) e quatro pinos de fixação da armação.
Além disso, acompanha um manual que destaca o método correto para se fazer o uso do copo medidor, bem como as informações técnicas relacionadas a cada um dos sistemas que compõem a colheitadeira – corte e alimentação, trilha, separação, limpeza, transporte, armazenamento e descarga, finalizando com apontamentos sobre os problemas, as causas e as possíveis soluções observadas durante a operação de colheita da soja.
O pesquisador da Embrapa José Miguel Silveira explica que o método do Copo Medidor consiste em recolher todos os grãos que estiverem soltos sobre o solo ou dentro de vagens, após a passagem da colhedora, dentro de uma área delimitada (pela armação), disposta transversalmente às linhas de plantas.
“Todos os grãos recolhidos nessa área amostral são depositados no copo, que apresenta o nível de perda tolerável (até 1 saca de 60 kg/ha) ou de desperdício que ocorreu naquele ponto”, afirma ele.
O mais legal disso tudo, é que o produtor pode comprar o kit pronto, ou confeccionar o próprio kit de perdas com materiais de uso comum na propriedade rural, como ripas de madeira, canos de PVC, barbante ou corda trançada. Seguindo as instruções que constam do manual.
Alguns sojicultores perderam apenas 0,2 saca por hectare
Alguns sojicultores perderam apenas 0,2 saca por hectare Na safra 2019/2020, em 624 lavouras amostradas no Paraná pela Embrapa e IDR, no âmbito do Programa de Redução das Perdas de Grãos na Colheita de Soja, destaca-se a região noroeste do estado, cuja média de perdas foi de apenas 0,67 saca por hectare.
“Tivemos produtores no Paraná que perderam apenas 0,2 saca por hectare e outros desperdiçaram até seis sacas por hectare, o que mostra a necessidade de continuarmos o trabalho de transferência dessa tecnologia de monitoramento para que os produtores reduzam as perdas e tenham maior lucratividade”, afirma o extensionista do IDR-Paraná Edivan José Possamai.
Ao realizar um cálculo simples, é possível contabilizar as perdas. Ao se considerar o desperdício de três quilogramas de soja por hectare e multiplicando-se o valor desperdiçado pela área cultivada no Paraná (5,5 milhões de hectares), chega-se a 275 mil sacas de soja.
“Considerando que o preço de dezembro/2020 era de R$ 148,00 a saca, representa R$ 40,7 milhões desperdiçados nas lavouras paranaenses, de forma direta, sem contabilizar os custos com o controle da soja guaxa ou pragas e doenças que persistente no ambiente devido aos grãos que ficam no local e germinam”, diz Possamai.
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