Anos de El Niño costumam levar mais chuva para o Sul e Sudeste do Brasil. Norte e Nordeste, por outro lado, sofrem com restrições hídricas. Neste ano, ao que tudo indica, não será diferente.
A novidade é que essa condição também deve afetar o Centro-Oeste, principalmente em outubro. Assim, o início do desenvolvimento da soja pode ser prejudicado.
Acompanhe a previsão do tempo para os próximos dias e uma projeção para a primavera. As informações são do meteorologista do Canal Rural, Arthur Müller.
Sul
Uma nova frente fria chega à Região Sul do Brasil trazendo instabilidades, com previsão de chuvas entre 40 mm e 60 mm nos próximos dias, o que ajuda a manter a boa umidade do solo.
O Rio Grande do Sul sofreu com queda de granizo na madrugada desta sexta-feira (18), principalmente nos municípios de Rio Grande e Uruguaiana.
Após a passagem desse sistema, um ar mais frio deve predominar na região no domingo (20), favorecendo a formação de geada nas áreas de baixada gaúcha e catarinense.
As chuvas que atingem a região tendem a favorecer a reposição hídrica do solo. Assim, se essa regularidade se manter, o desenvolvimento da fase inicial da soja – cujo plantio se inicia em setembro – vai ser beneficiado.
Sudeste
Devido ao avanço de uma frente fria, chuvas estão previstas por boa parte da região. Porém, de forma não volumosa, o que deixa de repor de forma total a umidade no solo, mas contribui para amenizar o período mais seco.
O volume varia entre 10 mm e 30 mm em toda área com tons de azul do mapa acima. Apesar de a precipitação atingir grande parte dos quatro estados, a situação de restrição hídrica permanece no norte de Minas Gerais.
A tendência é que as chuvas voltem para região a partir de setembro/outubro, período de início da semeadura da soja.
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Centro-Oeste
Uma baixa pressão sobre a Bolívia e o Paraguai cria áreas de instabilidade no oeste de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul. Além de a condição trazer chuvas para região, deve trazer, também, fortes rajadas de vento que podem passar de 70km/h com possibilidade de queda de granizo.
No geral, as chuvas retornam para o Mato Grosso do Sul de forma mais volumosa, o que ajuda a repor a umidade do solo, também contribuindo para a semeadura da soja entre setembro e outubro.
A falta de chuvas mais volumosas em Mato Grosso e Goiás preocupa os produtores. Apesar de a previsão ser de retorno dos volumes em setembro, a tendência é de redução em outubro. Com isso, o desenvolvimento inicial da oleaginosa pode ser prejudicado.
Nordeste
Persiste a situação da falta de chuvas no interior da região. Precipitações somente na faixa litorânea, que giram em torno de 15 mm a 30 mm nas manchas em azul no mapa acima.
Atenção para focos de incêndio no interior da região. As temperaturas máximas devem ultrapassar os 35ºC com umidade relativa do ar abaixo de 30%.
Essas condições vêm agravando a situação de solo ressecado. A tendência é de chuvas abaixo da média durante a primavera na região, o que também pode prejudicar o início do desenvolvimento das lavouras de soja em outubro.
Norte
O tempo firme se espalha pela maior parte da Região Norte do país, mas pancadas rápidas e sem grande volume ainda podem ser registradas na faixa oeste do Amazonas e de Roraima devido à combinação de calor e umidade.
No geral, o solo na região armazena boa reserva hídrica, com exceção dos estados do Tocantins, Acre e Rondônia. Nesses, além da restrição hídrica, a baixa umidade relativa do ar, com temperaturas que podem superar os 37ºC, potencializa o risco para focos de incêndio.
Com a tendência de diminuição de precipitação nos próximos meses, incluindo o período da primavera, o desenvolvimento inicial das lavouras de soja também pode ser afetado.
