Um vídeo que viralizou na última semana comoveu muita gente que o assistiu. Nele, um produtor chega a uma pequena lavoura de soja com sua família e, enquanto filma as plantas completamente destruídas pelo granizo, não se contém e chora. A mulher tenta consolá-lo, mas também vai às lágrimas. O caso ocorreu em Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, na última quinta-feira, 3.
Foram 15 minutos ou até menos de um temporal com granizo que afetou mais de 300 de famílias na região. O resultado? Lavouras destruídas, animais feridos e casas danificadas. Muitos vídeos foram gravados e mostraram a potência das chuvas e o rastro de danos na pequena Rio Bonito do Iguaçu, que possui mais de 13 mil habitantes, aproximadamente, segundo o IBGE.
A área rural, que abriga uma pequena parte dessas pessoas, não possui grandes propriedades e muitos agricultores produzem o suficiente para se sustentar. Esse é o caso do sojicultor Valdecir da Rosa, que gravou o vídeo que viralizou nos grupos de mensagens.
Ele produz soja em 36 hectares e perdeu tudo com a chuva de granizo, conforme é possível notar no vídeo abaixo.
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“Eu plantei 15 alqueires [cerca de 63 ha] com soja e perdi tudo, não sobrou nem um pé bom. Perdi até o milho e o feijão que dava de silagem para as vacas. Não tinha seguro, pois sou muito pequeno. Agora não sei o que vou fazer; vou lá na cooperativa ver se me vendem fiado de novo para plantar o milho e pagar o que já devo”, afirma ele.
Da Rosa tinha gastado aproximadamente R$ 100 mil para instalar suas lavouras de soja com atraso, como na maioria do país. Toda a família esperava a chegada das chuvas para que a soja se recuperasse da falta de umidade.
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“Eu moro ali na região há 20 anos, pelo menos, e nunca vi isso. Meu pai, que tem 70 anos, também disse que, na vida dele, não viu também. Isso aconteceu na quinta-feira, tivemos 15 minutos de granizo e temporal, mas a chuva durou 4 dias. Alagou tudo e eu até tive que sair de casa e vir para meu pai, pois molhou tudo lá. Não respondi às mensagens antes porque estou sem internet até. Vou tentar arrumar nesses próximos dias”, conta ele.
O produtor, que tem 40 anos de idade, vive com a mulher (Shirley) e os três filhos (Vinícius, Vagner e Vitor), que os ajudam na lida diária do campo. Vitor Eduardo tem apenas 8 anos e, ao tentar gravar um vídeo mostrando os estragos, também vai às lágrimas (assista abaixo), mostrando consciência do que aquilo representa para a família.
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“Graças a Deus ninguém morreu aqui na região. Já as plantas a gente peleia de novo. Meus filhos me ajudam na lida das lavouras e também ficaram muito com tudo isso. Ali na região são umas 100 casas/famílias, todos com telhados estragados ou arrancados. Todos meus vizinhos tiveram problemas”, afirma Valdecir da Rosa, que atendeu à reportagem enquanto levava a esposa no médico, devido à pressão alta, causada pela preocupação.
O produtor disse que tentará pedir, junto a sua cooperativa, insumos para plantar o milho e assim pagar parte do que deve.
“Essa soja era nosso sustento. Plantamos pouco, só pra sobreviver mesmo. Temos que continuar lutando, não é fácil. A Coasul nos vende fiado para pagar na colheita. Espero que eles entendam o nosso lado, perdi mais de R$ 100 mil de investimento. Com o milho, gastarei menos, até porque não vou investir tanto, nem tenho como fazer isso”, ressalta o produtor.
Sindicato Rural confirma ajuda da cidade
Em contato com o Sindicato Rural de Rio Bonito do Iguaçu, o presidente da entidade, Antônio Schuck confirmou que vários produtores tiveram problemas com granizo na região, não não sabe dizer quanto de áreas foram perdidas.
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“Aqui a maior parte das lavouras são plantadas com soja. Aí outra parte tem bovino de leite. Foi um temporal muito forte, com muito granizo. Teve agricultor que perdeu 80 alqueires, inclusive”, afirma ele.
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Segundo ele, a secretaria de agricultura do município está fazendo o levantamento das áreas afetadas para tentar viabilizar sementes de milho e feijão para as famílias afetadas, tentando diminuir o prejuízo.
“Falaram em 300 famílias afetadas na região e estão tentando essas sementes para ajudar as pessoas dessa região”, diz Schuck.
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Coasul ajudará
Em contato com a cooperativa Coasul, citada pelo produtor Valdecir da Rosa, o gerente do entreposto de Rio Bonito do Iguaçu, Aguinaldo Luiz Dalmolin, garantiu que os produtores terão toda ajuda necessária.
“A coisa foi bastante feia por aqui. Na sexta-feira, alguns produtores já nos procuraram, pois haviam perdido tudo. Sabemos de pelo menos 90 famílias que tiveram problemas ali. Claro que lamentamos o que aconteceu e pedidos aos nossos associados que nos procurem, tragam o seu engenheiro agrônomo e nós vamos ajudá-los a replantar a soja ou plantar o milho”, diz Dalmolin.
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Muita água dentro das casas
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Telhado parece uma peneira