O padrão oficial de classificação da soja e seus subprodutos segue em discussão, conforme disposto na Portaria nº 532/2022, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan, a oleaginosa atualmente é avaliada por sua aparência física, mas isso apenas faz sentido para o grão que é comercializado em supermercados e precisa da estética como um atributo para atrair clientes, como acontece com o feijão e outros itens.
“Mas estamos falando de um produto que vai para a indústria. De que forma se vai querer classificar um produto que vai ser esmagado, que perde totalmente sua característica e é transformado em farelo, de onde vai sair a proteína, assim como no óleo?”, questiona.
Segundo ele, nunca se fez oficialmente um trabalho que avaliasse as propriedades tanto do grão que tem o aspecto físico perfeito quanto do que começa a apresentar avarias por conta do excesso de umidade ou de seca. “Está se classificando um grão, e isso foi instituído há muitos anos e pelas próprias empresas, pelo que a gente tem de conhecimento, pelo aspecto físico e não pelo que ele tem internamente, ou seja, teor de proteína e de óleo”, adverte.
Por isso, Galvan diz que na época que presidia a Aprosoja Mato Grosso, a entidade encomendou um estudo para avaliar o grão que sofre avaria, seja o fermentado, o ardido ou o picado de inseto – e são descontados pelos compradores. “Para nossa surpresa, o grão ardido, que fica feio e perde o seu aspecto físico, foi o que demonstrou ter mais óleo e proteína. Porém, a discussão surgiu em 2016 quando as empresas compradoras disseram não saber se o farelo desse grão teria o mesmo efeito no ganho de peso dos animais”, relata.
Para comprovar esse atributo, o presidente da Aprosoja Brasil diz que foi encomendado um trabalho na Universidade Federal de Mato Grosso com quase 100% de grãos avariados e não houve qualquer comprometimento na engorda de aves, suínos ou ovinos. “Então nós, como produtores rurais e representantes do setor, não podemos aceitar qualquer tipo de desconto pelo aspecto físico de um grão de soja. Essa é uma luta antiga nossa e não temos mais como aceitar esse modelo, esse tipo de classificação”, finaliza Galvan.