A colheita da safra 21/22 de soja no Brasil está em 64% da área dedicada ao grão. Segundo o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro, os trabalhos estão consideravelmente adiantados em comparação à última temporada e à média histórica por conta da janela de chuva ter sido favorável no início do plantio.
No entanto, a quebra visualizada nos estados do Sul e em Mato Grosso do Sul fez com que as principais consultorias do país reduzissem suas estimativas para este ciclo. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por exemplo, projeta, agora, que o país deve produzir cerca de 122 milhões de toneladas, ante as 140 milhões que estimava no início da safra.
“Nossa atualização de março se manteve neste mesmo patamar da Conab. Este número ainda pode passar por revisões, principalmente com perdas um pouco mais acentuadas no Rio Grande do Sul e uma melhora sendo observada em estados importantes, como Goiás, que está tendo uma colheita muito positiva, com resultados muito bons. Então estes números podem variar daqui em diante, mas não serão mudanças tão agressivas como vimos do começo da safra para cá”, declara Palavro.
De acordo com o diretor, as variações de mercado de curto prazo estão refletindo os ânimos da situação do Leste Europeu, com a guerra entre Rússia e Ucrânia. “Porém, é importante dizer que, no caso da soja, os efeitos diretos da guerra são menores. A soja vive sob fundamentos que dão muita sustentação ao mercado e estes fundamentos se baseiam, principalmente, no fato dessas quebras de produção no Brasil terem sido recordes, afinal, o mundo nunca perdeu tanta soja produzida como estamos vendo neste ano“, constata.
Para ele, a oferta do grão está passando por grandes restrições e a demanda, mesmo que menor do que no ano passado, colocará os estoques globais abaixo do observado nos últimos anos. “Isso segue dando sustentação ao mercado. Porém, o produtor precisa avaliar com critério essa movimentação de suas vendas, principalmente baseado em seu fluxo de caixa, em sua necessidade de caixa para antecipação de compras. O produtor precisa participar do mercado e usar as ferramentas que estão à disposição dele para se proteger e garantir esses ótimos patamares de preço que temos hoje“, completa.
Custos de produção da soja
O diretor da Pátria Agronegócios também enfatizou que a safra 22/23 será, sem dúvidas, a mais cara da história, fenômeno que não é restrito ao Brasil, já que os Estados Unidos também será onerado como nunca no setor . “Isso coloca uma pressão até mesmo sobre os níveis de produtividade, já que existe uma perspectiva de parte dos produtores enxugando parte dos investimentos que fazem, principalmente, em fertilização”, afirma.
Segundo ele, o início de 2022 trouxe uma janela favorável de relação de troca entre os produtores, mas a chegada da guerra mudou o mercado e, desde então, o preço dos fertilizantes voltou a subir de forma agressiva. “Há uma grande preocupação com o fornecimento já que a janela está ficando curta para interiorizar essas matérias primas e colocá-las à disposição dos produtores”, afirma.