Em São Paulo, os produtores de soja estão fazendo o possível para reduzir os custos, mas sem deixar de lado a qualidade do solo. Uma alternativa é a integração lavoura/suinocultura, que pode gerar economia de R$ 750 mil por ano em adubos e R$ 30 mil por mês em energia elétrica.
Em Itararé, interior de São Paulo, o produtor Frederik Wolters aproveitou os 170 milímetros de chuva, acumulados em agosto, para iniciar o plantio da soja logo após o término do vazio sanitário em 15 de setembro. As plantas se desenvolveram bem, graças a essa umidade acumulada no solo.
Mas desde então, as chuvas tem sido irregulares e o tempo seco castigou um pouco a região. Ainda assim o produtor conseguiu semear 80% da área de 1.800 hectares, aproveitando justamente a umidade já acumulada no solo. Um dos segredos é justamente o sistema de plantio direto, que rende uma palhada diferenciada por lá.
Diferente do plantio direto convencional, onde há sucessão de culturas, Wolters chega a plantar 4 culturas diferentes, em um período de 14 meses, para ter uma cobertura de solo muito mais eficiente. Além disso, investe em análise foliar. Um exame laboratorial que complementa a análise de solo e consegue detectar de forma mais precisa as deficiências nutricionais da planta.
“A gente tem que tirar umas 30 folhas de amostra por hectare e levar para laboratório. E o momento ideal para colher essa amostra é na florada, porque é o momento que ela mostra a maior deficiência”, diz o engenheiro agrônomo, Tiaki Umeda.
Outra estratégia adotada por Wolters é a integração lavoura/suinocultura. O agricultor tem 23 mil animais e com os dejetos que são produzidos é possível gerar biogás, responsável por 92% da energia da granja. O mecanismo também possibilidade o uso de biofertilizante para aplicar em 25% da área da lavoura.
O sistema representa uma economia de R$ 750 mil por ano em adubos e R$ 30 mil por mês na conta de energia na granja. Uma solução sustentável, que além de diminuir o custo de adubação química, melhora a parte microbiológica do solo.
“A gente é agricultor, a gente é abençoado. A gente vê milagre todo dia, quando nasce uma plantinha. E o que a gente achava que era lixo, vira luxo. E acho que o produtor brasileiro é um grande herói e a gente dá jeito para tudo. A gente não desiste nunca”, afirma.
O produtor espera que a produtividade possa aumentar entre 15% e 20%, sendo que ele conseguiu colher 70 sacas em 2019 na média, e pode chegar a 75 sacas nessa safra.