Não bastasse a falta de chuvas, que atrasa o término do plantio da soja e afeta o desenvolvimento das plantas, um produtor de Goiás já começa a registrar o ataque de lagartas em suas plantações emergidas. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja Adeney Bueno, algumas delas são lagartas do cartucho do milho e podem trazer prejuízos.
O produtor Ivan Brucelli, que tem propriedade em Rio Verde, Goiás, e faz parte da Rede Soja Brasil, mostrou a situação da fazenda Monte Alegre. Por lá, a soja que foi plantada há 13 dias, corre risco de ter seu estande prejudicado, devido o ataque de lagartas.
“A preocupação do produtor é manter o estande. Só choveu nos últimos dois dias, ou seja, tempo seco até então. Quando o monitoramento foi realizado notou-se a presença da lagarta elasmo e da spodoptera. Elas atacaram as plantas e diminuíram o estande”, diz Brucelli.
O pesquisador da Embrapa Adeney de Freitas Bueno, analisou as imagens e confirmou a presença de lagartas do grupo spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta do cartucho do milho.
“Essas lagartas atacam principalmente gramíneas e são mais comum no milho. Mas nos últimos anos elas estão ocorrendo também na soja. Essa não é uma praga que é controlada pela tecnologia bt 1, por exemplo, por isso se sobressaem”, afirma ele.
Segundo Freitas, isso acontece quando o produtor tem gramíneas na área, antes de plantar a soja, como o milheto.
“Se, na hora de fazer a dessecação dessas culturas a lagarta já estiver grande, ela irá sobreviver e se esconder no solo. Quando a soja emergir, essa lagarta passará a ter hábitos iguais a da lagarta rosca, ou seja, ao invés de cortar a folha da soja, ela cortará a planta rente ao solo, reduzindo o estande de plantas”, afirma o pesquisador.
Ele reitera a preocupação do produtor Brucelli quanto a redução do estande da soja, já que em ataques mais volumosos, isso pode se tornar um problema nos estandes e comprometer a produtividade das lavouras.
“Existem sim agroquímicos para controlá-la, mas como essa praga estará no solo, as vezes até entrando no solo, levemente, o químico pode não chegar nela. Então, o ideal é usar um defensivo de contato e, aplicar no início da noite, pois essas lagartas preferem esses horários, já que de dia se escondem do sol”, explica Freitas.
Por fim, ele recomenda que antes de qualquer atitude é preciso consultar um engenheiro agrônomo para saber se é preciso fazer o controle.
“Para evitar essa situação vale monitorar a área antes do plantio da soja, para tomar as providências antes disso. O tempo seco acaba favorecendo a lagarta, mas conforme as chuvas chegarem isso tende a diminuir naturalmente.”