A história de Luís Eduardo Magalhães, local da Abertura Nacional da Colheita da Soja da safra 2020/21, começa na década de 1980, com a chegada dos primeiros produtores rurais, especialmente do Sul do país. Na época, o povoado de Mimoso do Oeste se resumia a algumas pequenas casas, um posto e um restaurante à beira da BR-242.
“Quando nós chegamos aqui nos anos 1980 era tudo muito difícil. Não tínhamos estradas, não tínhamos energia, não tínhamos comunicação. Tinha um posto de telefônioco e no final de semana para fazer uma ligação tinha uma fila quilométrica”, explica o presidente do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães, Cícero Teixeira.
No início dos anos 2000, o povoado virou município e foi batizado Luís Eduardo Magalhães, filho do ex-governador da Aahia, Antônio Carlos Magalhães. Em apenas duas décadas, a cidade se tornou um dos principais pólos agropecuários do país. É destaque na pecuária, na avicultura, na produção de algodão e de grãos, especialmente a soja.
A Bahia é hoje o maior produtor do grão do Nordeste e pode colher, este ano, a maior safra de sua história com quase 6,5 milhões de toneladas. “Em todos os municípios que produzem soja, a renda per capita é bem maior do que municípios que não produzem. Pode olhar o IDH de Eduardo Magalhães e Barreira são os mais altos do estado da Bahia”, disse o presidente da Aprosoja Bahia, Alan Juliani
O IDH é o índice de desenvolvimento humano, uma medida comparativa usada para classificar um município, um estado ou um país pela capacidade de oferecer a seus cidadãos renda, educação e longevidade. O índice é dividido em cinco faixas e varia de 0 a 1.
Dos mais de 417 municípios da Bahia, Luís Eduardo Magalhães ocupa o quarto lugar no estado, só atrás de Salvador, Lauro de Freitas e a vizinha Barreiras, outro município com vocação para o agro:
1º Salvador – 0,759
2º Lauro de Freitas – 0,754
3º Barreiras – 0,721
4º Luís Eduardo Magalhães – 0,716
Os produtos agropecuários representam quase 50% das exportações do estado, responsável por mais de 25% do PIB, por quase 30% dos empregos criados no agronegócio como um todo, então são números muito expressivos para um estado tão diverso como a Bahia.
A cidade e o agro
Luís Eduardo Magalhãs fica no oeste da Bahia, a 900 km de Salvador. A cidade tem quase 100 mil habitantes e uma das maiores rendas per capita do Brasil. Tudo graças ao agronegócio.
Uma das grandes vantagens da região é a logística, servida por duas rodovias. Além disso, há um projeto que pretende asfaltar 80% das estradas vicinais nos próximos cinco anos. Segundo o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Odacil Ranzi, essas medidas vão melhorar o escoamento da produção, baratear o custo e facilitar a ligação com as BRs.
Outra vantagem é o apoio em tecnologia oferecido pela Fundação Bahia, criada em 1998, em parceria com a Embrapa. Nesta área de 200 hectares, que é palco da Abertura Nacional da Colheita da Soja, nas últimas três décadas, foram realizadas uma infinidade de pesquisas em genética, rotação de cultura, plantas de cobertura, nematóides, que ajudaram e muito a aumentar a produtividade.
“O histórico que a gente tem que há 30 anos era de quando se colhia 20 sacas por hectare. Agora, nós chegamos em áreas de agricultor com mais de 105 sacas por hectare”, disse o diretor-executivo da Fundação Bahia, Nilson Vicente.
Todo esse investimento em estrutura e conhecimento foi fundamental para consolidar não só a região do Oeste da Bahia, mas as áreas vizinhas do Piauí, Tocantins e Maranhão, formando a fronteira agrícola batizada de Matopiba. Esses quatro estados, representam hoje 11,5% da produção nacional de soja com 15,4 milhões de toneladas. “Quem conhece fica por aqui”, assegura o presidente da Aprosoja Bahia, Alan Juliani.