Nos últimos dois meses, o Paraná, segundo maior produtor de soja do país, atravessou um dos piores veranicos dos últimos tempos. Em algumas regiões, o atraso do plantio da soja já ultrapassa mais de 30 dias . Para minimizar os impactos da seca, produtores investiram na correção de solo e se deram bem.
É o que ocorreu em uma fazenda de Goioerê, no noroeste paranaense. Após sofrer com a seca e o calor, o pouco de chuva que caiu na segunda quinzena de setembro foi suficiente para o plantio da soja, que já brota saudável na terra vermelha. O engenheiro agrônomo Sandro Oldoni, explica que a melhor e talvez única maneira de minimizar os impactos causados pelo clima, principalmente o estresse hídrico, é investir na correção do solo a cada dois ou três anos.
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“Você faz o mapeamento de toda a fazenda, faz a análise do solo, correção com calcário, com corretivos em geral, como gesso, e assim tem um melhor desenvolvimento das culturas de todas as culturas, não só da soja e milho. Quanto mais você deixa a planta bem nutrida, mais resistente às pragas e doenças ela vai ficar. Além de resistir a eventos climáticos de um modo geral”, disse.
Seguindo a estrada pelo noroeste do Paraná, deixando Goioerê e seguindo para Juranda, é possível ter outro exemplo de uma família que tem muito cuidado com o trato da terra. É a família Vieira que planta nesta região desde o final da década de 1970. Osvaldo Nunes Vieira tem 69 anos e quando começou a plantar há mais de 50 anos, nada disso era feito. “A gente veio plantando milho com o pai, feijão, arroz, era plantado na terra queimada. Derrubava, queimava, plantava. Para ser bem sincero, não se tinha tecnologia nenhuma”, disse.
Hoje, na fazenda, quase 500 hectares passam pelo fundamental trato do solo. Para essa safra, o investimento na adubação foi 8% maior. “Esse ano a gente trabalhou com uma adubação que a gente chama de premium. Com enxofre, em torno de 200 quilos por hectare, e mais a cobertura de cloreto de 150 quilos por hectare, fugindo um pouco das fórmulas convencionais, visando o aumento de produtividade”, disse Osvaldo.
Outra estratégia foi aumentar e antecipar o uso de herbicidas para combater plantas daninhas e evitar o calor, além de preservar a palhada.
“No controle de pragas do milho, a gente aumentou a dose de herbicida pensando em controlar as plantas daninhas que interferem na soja agora nesse início de safra. Quer dizer que, se tivesse que fazer esse controle com o calor, com temperatura alta seria pior? Sim, muita gente teve muita dificuldade em fazer controle de plantas daninhas com diferente tipos de herbicidas e ainda assim não teve uma eficiência tão legal. Nós , lógico , não vou falar que está 100% perfeito, mas está muito mais controlado que uma média geral”, disse o produtor Paulo Vieira.
Um cuidado importante é ficar atento a pragas, como a lagarta. O pesquisador da Embrapa, Samuel Roggia, não aconselha aplicar inseticida durante o período de dessecação e cita o monitoramento frequente como regra número principal. “Não existe uma regra geral para combater essas pragas.
O que é importante é que o agricultor leve em conta a amostragem. É fazer o monitoramento em todos os talhões, fazer um monitoramento semanal e, a partir daí, tomar a decisão sobre o melhor controle”, falou.