O Rio Grande do Sul registrou 15 casos de ferrugem asiática na safra 2021/22 de soja. Na atual temporada, com dados levantados até esta quarta-feira (15) pelo Consórcio Antiferrugem, foram nove. A depender de uma nova ferramenta, que contabiliza esporos na lavoura e emite alertas para o manejo antecipado, as ocorrências tendem a diminuir.
Na região de Cruz Alta, noroeste gaúcho, a fazenda do produtor Daniel Elias Weber aposta na cultura há cinco décadas e já sofreu com os impactos da doença. No ciclo 2016/17, por exemplo, as perdas de produtividade foram de 15%.
“Em anos mais chuvosos a incidência [da ferrugem] é maior e o controle é um pouco mais difícil, mas sempre fazemos o manejo preventivo”, declara. Segundo ele, o monitoramento constante é fundamental para avaliar se é preciso aplicar fungicidas a cada 15 dias ou em intervalos menores.
Nova ferramenta de controle
A ferrugem asiática é reconhecida como a principal doença da soja, com perdas de 10% a 90% da produtividade, dependendo da severidade. Nesta esfera, a coleta e análise dos esporos torna-se imprescindível na redução de danos.
No Rio Grande do Sul, um projeto inédito monitora a ferrugem em áreas de 17 cooperativas. Ao todo, são 25 muncípios com estações que capturam e fazem a contagem do fungo que, em seguida, são enviados para laboratórios.
“Semanalmente recebemos de todas as cooperativas as lâminas [contendo esporos] e todas elas possuem uma demarcação já registrada pelo equipamento. Quando chega ao laboratório, com o auxílio do microscópio, fazemos uma varredura nela, em toda área demarcada, contabilizando ou não o número de esporos presentes na lâmina. Com esses dados, ele [o produtor] consegue ter uma dimensão melhor do que fazer ou não na lavoura”, conta a laboratorista de fitopatologia Suelen Hammarstron.
Previsão de aparecimento da doença
As cooperativas contam, também, com um aplicativo com mapa que indica os locais em que a ferrugem asiática foi detectada. O pesquisador de fitopatologia, Carlos Pizolotto, informa que os dados de monitoramento de esporos são combinados com informações de previsões climáticas. “Temos algorítimos dentro do modelo matemático que simulam o ciclo de vida do patógeno. Essa previsão é para os próximos cinco dias”.
Segundo o engenheiro agrônomo Vagner Ramalho Júnior, os dados são importantes para que se tenha assertividade e previsão da possibilidade de ocorrência da doença. “Assim, conseguimos ser mais certeiros na primeira entrada de aplicação de fungicidas porque os custos de produção aumentaram muito nos últimos anos”.
A ferrugem asiática foi identificada pela primeira vez em 2001, no Paraná. De acordo com o Consórcio Antiferrugem, ao longo de 20 anos, a doença já causou perdas de R$ 150 bilhões.