A irregularidade das chuvas é o maior desafio das lavouras de soja do oeste da Bahia nesta reta final de safra. Em alguns municípios, onde a situação é mais crítica, as áreas apresentam muitos prejuízos, com expectativas de perdas significativas por causa do estresse hídrico.
Na propriedade da família Bordin, em São Desiderio, a oferta hídrica está abaixo do normal e preocupa o desenvolvimento produtivo dos 4.300 hectares de soja desta safra. Na maior parte das áreas, a cobertura com braquiária, milheto e o bom manejo de solo ajudou a manter a pouca umidade do solo, mas a reserva está no limite.
“Não temos perfil de água em solo. Então a Bahia está preocupada com isso, pois agora é um período crítico e, como algumas áreas tiveram poucas chuvas, está todo mundo apreensivo. Todo o nosso amor, nossa dedicação e os nossos investimentos estão tudo aqui e tudo depende de São Pedro, hoje”, diz o produtor Ricardo Bordin.
Em alguns talhões, onde os índices pluviométricos ficaram abaixo da média, a situação é mais crítica e as plantas já sentem as consequências do estresse hídrico severo, deixando sequelas tanto nas expectativas de produtividade da área prejudicada, quanto no emocional de quem investe alto à espera de bons resultados.
“Temos aqui uma área que está bastante sofrida, dá para ver as folhas queimadas e até o chão, pois as folhas todas caíram no chão secas. E tudo isso reflete na formação da vagem e do grão, que vai ficar miúdo. Sem falar que ainda pode dar abortamento da vagem. Aqui era soja para mais de 70 sacos e, agora, podemos falar em 45 sacos ou 50 sacos, no máximo. A partir de agora, a cada dia que passa sem chuva, mais perdas teremos” , conta Alan Bordin.
A engenheira agrônoma que atende toda a região onde a família Bordin está, afirma que outras propriedades também enfrentam o mesmo problema e podem ter prejuízos na produtividade final desta safra.
“Vimos algumas áreas aqui com 80 milímetros, enquanto outras não receberam nada nos últimos dez dias. Esse é o período crucial para a lavoura estabelecer o potencial produtivo e as chuvas estão muito irregulares. A produtividade é o resultado do enchimento de grãos e da permanência dessas vagens na planta, com a falta de água, as vagens podem ser abortadas ou o grão não encher como deveria. Então essa é a grande preocupação aqui no oeste baiano agora”, afirma a engenheira agrônoma Julia Ferreira de Menezes.
A Bahia é o 7º maior produtor de soja do Brasil, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nesta safra, foram cultivados cerca de 1,7 milhão de hectares de soja no estado e a expectativa é atingir uma produtividade média de 59 sacas por hectare.
“Se chover bem daqui para frente, nossa safra poderá ter uma quebra pontual pequena, só que precisamos ter chuva rápida, chuvas boas em toda a região”, diz o presidente da Aprosoja Bahia, Alan Juliani.