O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da soja e do biodiesel pode ter alcançado R$ 673,7 bilhões em 2022, segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apresentada nesta quarta-feira (10) em coletiva de imprensa. A cifra representa 27% do PIB total do agronegócio para o ano e 7% do PIB brasileiro.
A pesquisa ressaltou que, de 2010 a 2022, a participação do PIB da cadeia correspondia a 9% do total do agronegócio e 2% do total do PIB nacional. “O aumento é bastante consistente e reflete que houve mais disponibilização de produtos ao consumidor final da cadeia”, afirmou na coletiva de imprensa a pesquisadora da área de Macroeconomia do Cepea, Nicole Rennó.
Do total do PIB gerado pela cadeia produtiva da oleaginosa e do biodiesel, a principal parcela está associada aos agrosserviços. O segmento movimentou R$ 362,54 bilhões em 2022. A divisão foi seguida pela movimentação diretamente gerada pela atuação com a soja, que gerou R$ 192,1 milhões. A agroindústria, composta pelos segmentos de óleo e farelo, rações e biodiesel, somou R$ 76,95 milhões. “Ao longo de 2010 a 2020, a soja ganhou espaço e a indústria perdeu espaço, isso está relacionado ao fato de a produção no campo estar se expandindo de forma mais acelerada que o processamento”, afirmou a pesquisadora.
Soja e biodiesel no topo dos produtos do agro
Rennó ressaltou também que, a partir do estudo, foi possível constatar que a cadeia da soja e do biodiesel está em primeiro lugar entre os produtos da agropecuária em termos de geração do PIB e de divisas e se tornou uma grande empregadora no Brasil. Segundo o Cepea e Abiove, a cadeia da soja e do biodiesel gerou R$ 2,05 milhões de ocupações, 80% maior do que em 2012.
“Cerca de 11% de todas as ocupações do agronegócio estão na cadeia da soja e do biodiesel, em 2012, esse resultado representava 5,8% das ocupações”, destacou a pesquisadora. O setor da agroindústria também é o que mais emprega na cadeia. Segundo a pesquisa, mais de 1,3 milhão de ocupações das 2,05 milhões estavam no segmento. A agroindústria, por sua vez, é responsável por gerar 72,333 mil vagas e a soja, sozinha, ocupa 504 mil trabalhadores.
Mão de obra
Quanto ao perfil da mão de obra do setor, Rennó afirmou que a cadeia produtiva da soja possui um grande volume de trabalhos formalizados, tanto dentro da porteira quanto nas agroindústrias. “A discrepância é bem grande quando comparamos com outras cadeias da agropecuária”, disse.
Do total empregado, a participação feminina na cadeia foi de 34% em 2022 e a escolaridade média do setor foi bastante superior à do agronegócio. “Essa característica ajuda a explicar os rendimentos médios maiores do trabalho”, afirmou a pesquisadora.
O rendimento médio na cadeia produtiva da soja e do biodiesel foi de R$ 2,912 mil ao mês no último ano, 29% acima do resultado registrado para o agronegócio. Cada tonelada de soja processada resultou em R$ 5,6 mil reais de PIB agregado no setor da agroindústria, direta ou indiretamente. O resultado é mais do que o dobro do registrado pela soja produzida e não processada. Para o segmento, cada tonelada de soja gerou R$ 2,710 mil.
Estudo
Os resultados fazem parte do projeto “Cadeia da soja e do biodiesel – PIB, empregos e comércio exterior”, um estudo desenvolvidos entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Há um ano, os levantamentos consideravam apenas a cadeia do biodiesel, mas o setor passou a incluir os dados para a oleaginosa a partir desta divulgação. A pesquisa utilizou métricas similares ao cálculo do PIB pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) para o cálculo de emprego.
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