O plantio da soja já atinge 69% da área em Minas Gerais, conforme estimativa da consultoria Safras & Mercado. Segundo o presidente da Aprosoja-MG, Fábio Salles Meirelles Filho, a chegada de chuvas mais uniformes com intervalos para os trabalhos em campo impulsionaram a semeadura.
“Quem já conseguiu plantar, está com plantas maravilhosas. Temos uma expectativa de boa produção de safra e esperamos terminar esses próximos 30% [de semeadura] até, no máximo, 10 de dezembro, se as chuvas permitirem. Tudo indica que podemos ter uma safra boa porque os prognósticos que temos das questões climáticas é de boas chuvas em dezembro e janeiro, e as chuvas de fevereiro estão dentro de sua programação normal”, conta.
No entanto, apesar dos indicativos positivos quanto à produção da oleaginosa, Meirelles Filho pondera que o cultivo da safrinha pode sofrer com a redução hídrica, cabendo ao produtor analisar se ela será viável.
“Esperamos ter uma super safra no Brasil porque combate-se fome, pobreza com comida barata na mesa e só com produtividade e produção isso é possível. Não é invadindo fazenda, não é coibindo o agro ou tributando. Ao tributar o agro, só vamos ter uma incidência de custo dessa comida que vai ser transferida para a população […]. O produtor e o consumidor, que são as duas pontas, que pagam a conta desse país inteiro […]”, afirma.
Como planejar os próximos passos na lavoura
O presidente da Aprosoja-MG afirma que a capacidade técnica de cada produtor deve ser analisada quando o assunto é finalização dos trabalhos de plantio. “Os produtores que utilizam disco e já têm suas plantadeiras prontas para plantar na palha ganham uma certa vantagem. Esses equipamentos grandes são o que permitem que se feche essa janela [de plantio] com um tempo mais rápido”, conta.
Por isso, para ele, há a necessidade de investimento constante em tecnologia e melhoria de equipamentos. “Mas isso vem sendo difícil para o produtor porque tudo dobrou, triplicou de preço e nós não temos essa capacidade de pagamento”. Meirelles Filho considera que os juros estão muito altos e que a chegada de mais tributos pode piorar ainda mais o cenário.
Mudança de percepção
Segundo ele, as pessoas que estão fora do setor têm a imagem errada de que o agro utiliza muitos defensivos. “Porém, é um dos produtos mais caros e não adianta jogar muitos defensivos agrícolas porque tem de jogá-los na hora certa, no momento certo para fazer efeito. Se formos analisar a situação da agricultura brasileira, ela é a mais sustentável. Os defensivos que estamos utilizando, a maioria já é biológico […]. É o melhor alimento do mundo hoje para garantir o abastecimento e a segurança alimentar do Brasil e dos países lá fora e o mundo enxerga isso […]”, afirma.
A respeito dos preços, o presidente da Aprosoja-MG espera que devido aos estoques da soja e dos demais grãos no mundo estarem estáveis, espera que os valores pagos pela saca retomem os níveis do ano passado, com preço médio de 170 reais. “Do contrário, não vamos fechar a conta, mesmo com uma safra grande”.