Capinópolis, no Triângulo Mineiro, foi uma das cidades mais afetadas pelo clima seco no início do plantio de soja no estado. De acordo com a Aprosoja-MG, a quebra na produção pode chegar a 10%.
A cidade recebeu, em setembro, o evento que marcou a Abertura Nacional do Plantio da Soja, temporada 2020/2021. Na época, a fazenda Dois Corações foi a anfitriã da celebração, já marcada pela restrição de aglomerações, devido à pandemia do coronavírus.
A equipe do Projeto Soja Brasil voltou à propriedade para acompanhar a situação das primeiras lavouras semeadas em 25 de outubro. Desde então, foram mais de 20 dias sem chuva, o que prejudicou o processo vegetativo da soja. A soja já deveria estar com pelo menos 20 centímetros a mais. Agora, será necessário um maior investimento em tratos culturais, encarecendo os custos.
“O produtor agora vai ter que investir mais em tratos culturais, usando produtos à base de aminoácidos e bioestimulantes para poder recuperar a planta do estresse hídrico. Tentando assim conseguir o máximo de produtividade do material genético”, afirma o engenheiro agrônomo da fazenda Francisco Junior.
O produtor Paulo Henrique Fontoura, também de Capinópolis, precisou atrasar ainda mais a semeadura e só começou a plantar em 2 de novembro. A lavoura sofreu pouco com os dias de estiagem, mas o atraso vai prejudicar a janela de plantio do milho safrinha.
“Se a gente planta um pouco fora da janela e as chuvas cortam mais cedo, isso significa em torno de 40% a 50% a menos de produtividade na cultura do milho, por exemplo”, afirma Fontoura. “Nós torcemos para que o clima continue igual como está agora, para que não caia a produtividade e a gente permaneça produzindo com o que a gente tem de média, em torno de 64 sacas de soja. Para então poder compensar talvez a queda de produtividade da safrinha.”
Segundo a Aprosoja-MG, o estado já encerrou o plantio, mas o clima seco vai prejudicar a produtividade média geral. Na temporada passada a média foi de 62 sacas por hectare. A safra deste ano, por enquanto, deve ficar em 59 sacas, baixa de 5%, com total estimado em 6,3 milhões de toneladas do grão.
Se a chuva continuar irregular, a quebra pode chegar a 10%, quando comparada a produção do ano anterior.
“É muito cedo ainda pra gente dizer em que percentual está comprometido, mas com certeza haverá prejuízo, pois já existem algumas estimativas em torno de 5% a 10% de perda na produtividade”, diz o presidente da entidade, Wesley Barboza.