Apesar de muitas plantações ainda não terem nem se desenvolvido direito, as pragas já começam a aparecer e trazer prejuízos
André Anelli, Tapurah (MT)
Em Mato Grosso, a medida que as plantas se desenvolvem, os agricultores começam a observar o aparecimento das primeiras pragas nas lavouras. Uma delas chama a atenção pela dificuldade no controle, já que os defensivos disponíveis podem prejudicar o ecossistema da soja.
Um pequeno inseto popularmente conhecido como vaquinha, devido aos hábitos alimentares semelhantes aos bovinos, também está se aproveitando das plantas de soja para saciar sua fome.
“Ela come justamente a área foliar, que é responsável pelo crescimento da planta e enchimento de grão. Perdendo isso, consequentemente terá menos produtividade”, diz o engenheiro agrônomo, Renato Tobaldino.
O agrônomo diz que a vaquinha não é novidade para o município de Nova Mutum, região norte de Mato Grosso. Por lá, a praga já apareceu nas últimas três safras, pelo menos. Para piorar, o controle do inseto é restrito, isso porque os defensivos específicos afetam também predadores naturais de outras pragas e microorganismos essenciais a soja.
“A questão do controle da vaquinha é bem pontual. Ela migra de uma área para outra e só pode se fazer o controle na área atacada, onde ela causa dano. Os produtos usados são não muito seletivos, então é sempre bom ponderar, usar de maneira adequada. Onde acontece o ataque, viabiliza a aplicação. Isso por ser produtos peretróides, que podem provocar um desequilíbrio no meio ambiente”, explica Tobaldino.
Outra praga que preocupa os produtores da região é a mosca branca. A praga se hospeda em lavouras de algodão, cultura comum no município. e depois migram para a soja. Sem falar que a proliferação aumenta com o clima úmido e as chuvas atrasam a colheita.
Embrapa explica como identificar a vaquinha
Na cultura da soja ocorrem vários besouros crisomelídeos conhecidos como vaquinhas. Os adultos, em geral, consomem folhas, mas raramente causam grandes desfolhas. As larvas ocorrem no solo alimentando-se geralmente de raízes e o seu controle na cultura da soja normalmente não é necessário.
A espécie mais comum é a vaquinha-verde ou patriota, diabrotica speciosa (que ilustra a notícia), cujos adultos apresentam coloração geral verde com três manchas ovais amarelas em cada asa anterior, cabeça castanha avermelhada e medem entre cinco a sete milímetros de comprimento. A larva desta espécie é de coloração amarela-pálida, cilíndrica, tendo o tórax, a cabeça e as patas torácicas pretas e, quando completamente desenvolvidas, medem 10 a 12 mm de comprimento. Os adultos alimentam-se de folhas e de brotos, realizando pequenos orifícios e têm preferência pelas folhas mais tenras.
Os adultos da vaquinha Cerotoma arcuata (Figura 1) são besouros com o formato semelhante à vaquinha-patriota, mas de coloração bege, com quatro manchas marrom-escuras, duas grandes e duas pequenas, em cada asa anterior e medem cerca de 5 mm. Os adultos também são desfolhadores, mas podem provocar, ainda, dano direto às vagens e flores. As larvas dessa vaquinha são brancas com cabeça preta e alimentam-se das sementes em germinação, raízes e dos nódulos de rizóbio, diminuindo a disponibilidade de nitrogênio para a planta, podendo afetar negativamente a produção.
Populações elevadas da vaquinha Colaspis sp. (Figura 2) são comuns em lavouras de soja, principalmente no Estado do Mato Grosso do Sul, mas raramente atingem nível de dano. Os adultos medem 5 mm de comprimento, tem coloração verde-metálica e apresentam sulcos longitudinais e pontuações deprimidas em toda a extensão das asas. Os adultos alimentam-se das folhas, causando perfurações nos folíolos. A larva é branca-acinzentada e pode atingir até 7 mm.