Um dos indicados ao prêmio Personagem Soja Brasil, o pesquisador da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Edivaldo Domingues Velini, começou a trabalhar com a oleaginosa na época do mestrado, entre 1985 e 1988. Sua tese foi voltada aos períodos de mato interferência em soja. “Foi o meu primeiro contato com a cultura. Entretanto, todos os que trabalham com agronomia e manejo de plantas daninhas se concentram na soja porque é a nossa principal cultura extensiva”, comenta.
Ele fez o mestrado e o doutorado na Unesp, além de dois pós-doutorados em produtos naturais. “Ao longo de minha carreira, já tive a oportunidade de trabalhar e formar praticamente 100 mestres e doutores. Essa talvez seja a minha principal contribuição para a ciência no Brasil”.
O centro de pesquisas onde Velini atua é especializado na constituição de metodologias e equipamentos experimentais. “Desenvolvemos métodos especialmente para estudar a dinâmica de produtos na palha, no solo e na planta”, detalha.
Segundo o pesquisador, há um conceito inerente às atividades da pesquisa. “O principal atributo de qualidade atualmente é a sustentabilidade e o principal motivo da inovação hoje no mundo também é a sustentabilidade”, declara.
Preocupação com as plantas daninhas
Velini lembra que há grande preocupação a respeito das ervas daninhas porque elas são quase idênticas às plantas cultivadas. “Quando controlamos plantas daninhas, usamos agentes ou práticas de controle que também podem causar algum dano para a cultura”.
O pesquisador destaca que a grande maioria dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) aprovados para soja foram voltados à resistência a herbicidas. “Lidar com essas plantas daninhas é uma faca de dois gumes: se exageramos no controle, podemos colocar a cultura em risco e se tomamos um cuidado exagerado com a cultura, podemos perder controle”, explica.
Biotecnologia e produtividade da soja
O especialista também ressalta a importância da biotecnologia para os ganhos do produtor. Segundo ele, antes dos OGMs, o índice de produtividade na soja aumentava cerca de 3% ao ano e, após a transgenia, passou a crescer em torno de 6% anualmente. “A biotecnologia tem um papel extremamente importante para o aumento de produção de todas as culturas, mas principalmente da soja”.
De acordo com ele, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a qual presidiu entre 2014 e 2018, deveria ser mais reconhecida no Brasil, uma vez que não se limita às pautas agrícolas, como também se expande para meio ambiente, indústria e saúde. “O agro e a ciência não param, não dormem. Em algum lugar do mundo, tem um cientista acordado fazendo pesquisa. […] minha esperança é que no futuro o Brasil não seja apenas um aplicador de tecnologias, mas também um desenvolvedor”, destaca.