A guerra entre Rússia e Ucrânia evidenciou a dependência de fontes energéticas externas que muitos países vivenciam, como a volatilidade acentuada dos preços do petróleo e a dificuldade de acesso a combustíveis, como o diesel. De acordo com o presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), Pedro Lupion, o Brasil optou por exportar petróleo e importar os derivados gasolina e diesel em uma conta financeira que se mostrava positiva em tempos de fartura de oferta, mas que agora fragiliza a segurança energética.
“É algo a ser combatido urgentemente pelo governo com apoio e participação ativa da sociedade. No contexto de guerra e de imprevisibilidade, o país deve dar total atenção à expansão de seu potencial de produzir, usar e exportar biocombustíveis. Há abundância de matérias-primas, como soja para fabricar biodiesel e cana de açúcar para etanol”, afirma.
A indústria do biodiesel é bem mais recente do que a do etanol. São 55 usinas em 14 estados, que deverão produzir este ano 6,2 bilhões de litros, porém, com capacidade para dobrar esta produção. “É estratégico reduzir a dependência das importações bilionárias e em dólar de diesel e elevar gradativamente o teor de biodiesel a este combustível fóssil, como vinha sendo feito até 2021. Significa, na prática, trocar milhões de dólares gastos para criar negócios e empregos em outros países com a importação, por investimentos no biodiesel nacional e, assim, internalizar a geração de empregos, renda e tributos”.
Segundo a FPBio, o incremento do uso do biodiesel gera valor agregado ao óleo de soja e, também, repercussão nas cadeias alimentares pelo aumento da oferta e barateamento do farelo para rações animais, combinando segurança energética com alimentar. “Estes e outros benefícios socioeconômicos e ambientais lastreados no biodiesel permitem estimar que cada 1 ponto percentual adicional de biodiesel ao diesel promove o incremento de R$ 30 bilhões ao ano em termos de movimentação econômica”, destaca Lupion.