Com alguns estados já dando início à colheita de soja, a tendência é que mercado internacional volte cada vez mais as atenções para a América do Sul, segundo a consultoria Safras & Mercado. O mercado também deve acompanhar os dados de oferta e demanda que serão apresentados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na próxima terça-feira, 9.
Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na semana que vem. As dicas são do analista da Safras, Luiz Fernando Roque.
– É natural que Chicago se volte cada vez mais para o que acontece na América do Sul. O foco inicial é a colheita no Brasil, que segue em ritmo lento – atraso no plantio e chuvas. Sem a disponibilidade física brasileira a oferta segue muito curta e, com isso, a demanda chinesa ativa nos EUA, o que garante firmeza aos preços da soja em CBOT;
– O fluxo brasileiro deve dar o tom do mercado ao longo dos próximos meses. Um melhor andamento nos trabalhos de colheita por aqui tende a forjar algum ajuste negativo na curva de preços em Chicago. Sem isso, o mercado deve continuar encontrando suporte na pouca oferta disponível e seguir vulnerável a volatilidade financeira (petróleo e CRB);
– A posição Mai/21 anda de lado, em típica acomodação técnica. Encontra suporte acima de US$ 13,33 bu, mas enfrenta resistência em 13,93 bu na CBOT;
– A ideia é que os trabalhos de colheita no Brasil só acelerem ao final de fevereiro e início de março. Estendendo um pouco mais o cenário de aperto. O line ups dos portos brasileiros apontam embarques de 8,29 milhões de toneladas para fevereiro. Pode haver um descasamento;
– No radar também o relatório do USDA. Expectativa de queda tanto nos estoques dos EUA como mundiais. Isso reforça o cenário de aperto global e mantém a ideia de preços firmes para a temporada;
– Os mapas indicam chuvas para boa parte do Brasil ao longo da próxima semana. Exceção é o Sul do país e a Argentina, com retorno do tempo seco. Um quadro que preocupa para as lavouras em desenvolvimento, especialmente na Argentina. Chicago deve manter o “prêmio de risco climático” alto;
– Dólar deve seguir firme e volátil no curto prazo, seguindo a cena externa e as dúvidas fiscais internas. Já a leitura de médio e longo prazo abre mais espaço para a queda da moeda norte-americana;
– O preço físico interno deve ficar mais vulnerável a Chicago e dólar, com prêmio convergindo para a região de normalidade. O avanço da colheita tende a exercer pressão negativa sobre as cotações físicas internas. Já o elevado percentual de venda antecipada (59,8%) segura a onda vendedora e alivia a pressão sazonal.