O engenheiro agrônomo e gerente técnico do Grupo Aurora, Maurício De Bortoli, tem conseguido resultados positivos a partir da adoção de plantio direto, de uso preciso de corretivos de solo e de culturas de cobertura. Todas essas práticas agrícolas já são consagradas, mas estão sendo aplicadas na soja de forma mais precisa e direcionada e, além de tudo, têm colaborado com a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) no setor.
As fazendas do Grupo, que cultivam 9 mil hectares de grãos em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, fazem parte do programa PRO Carbono da Bayer, que oferece vantagens aos produtores dispostos a ampliar seu potencial produtivo e aumentar o sequestro de carbono no solo a partir da adoção de práticas agronômicas sustentáveis.
Para Bortoli, uma maior produtividade na lavoura está associada ao investimento em processos produtivos de menor impacto ambiental no campo. “Cada região tem seus desafios, o nosso é a retenção de água e nutrientes no solo. Nós fazemos irrigação e fertilização nos talhões, mas o essencial para conseguir uma área de alto potencial produtivo é o investimento em boas práticas agrícolas e fazer plantio direto”, afirma o produtor. “Com a palhada do ciclo anterior, eu consigo aumentar a matéria orgânica e melhorar as condições biológicas do solo, que também são essenciais para a retenção de carbono durante a safra.”
Vencedor do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja, realizado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), com o recorde de 123,88 sacas de soja por hectare na safra 2018/2019, o Grupo Aurora tem conseguido mitigar os impactos dos veranicos e o estresse dos períodos de estiagem, que foram comuns no Rio Grande do Sul na última safra. A adubação verde, que auxilia na melhor infiltração da água da chuva no solo, também é adotada pelo grupo. “Esta prática traz vários benefícios na lavoura, como efeitos culturais contra a incidência de plantas daninhas, proteção contra erosões e, agora, entendemos que é também um dos caminhos para o sequestro de carbono na lavoura”, ressalta.
A fertilização nas fazendas do Grupo Aurora tem início no inverno. Na safrinha, o grupo cultiva um mix de plantas de cobertura em 30% da área, em outros 30% gramíneas e, no restante, trigo, cevada e aveia. “Este processo é rotativo a cada ciclo, o que proporciona a fertilidade e descompactação do solo”, diz Bortoli. “Há dez anos, quando não implementávamos todas estas boas práticas no campo, nossa média era de 55 sacas de soja por hectare. Hoje, com a evolução da genética e da pesquisa no manejo mais sustentável na lavoura, conseguimos aumentar até 30% do potencial produtivo dos nossos solos, atingindo uma média de até 80 sacas por hectare“, conclui.
Rotação de culturas
Já no Grupo Sementes Vitória, que cultiva soja em 3.378 hectares em Rio Verde (GO) e que também faz parte do programa PRO Carbono, o grande diferencial foi a rotação de culturas. Patrícia Dias, agrônoma e responsável técnica, destaca que realiza o plantio da oleaginosa em rotação com a braquiária, em 900 hectares, na entressafra. “Usamos esta prática há quatro anos, não só pensando no solo, mas para a pastagem do gado. Por meio das análises de dados da fazenda por talhão, vimos que este manejo, junto com a correção de solo, representou uma diferença, em média, de quatro a cinco sacas a mais por hectare”, reforça.
Segundo Patrícia, o uso de vegetação de cobertura também foi um aliado para mitigar perdas causadas pela instabilidade do clima na região. “Em situações adversas, o manejo adequado do solo ganha ainda mais importância, já que auxilia no desenvolvimento radicular da soja, explorando mais o solo em seu perfil. Ano passado, tivemos um período de seca de 22 dias, entre novembro e dezembro, e a soja plantada pós-braquiária foi menos impactada”, comenta Patrícia.
“Nossos solos são bem cuidados, produzimos sementes de soja há muitos anos, por isso, nossa maior preocupação é a correção para manter o potencial produtivo na lavoura, como o uso de calcário para aumentar os níveis de nutrientes importantes, como cálcio e magnésio, e o uso de gesso para ajustes de enxofre no perfil do solo, por exemplo”, ressalta a especialista.
Patrícia destaca ainda que as áreas do Grupo Sementes Vitória destinadas para o projeto já alcançaram um diferencial de produtividade de cinco sacas a mais de soja, quando comparadas às áreas padrões da fazenda. “Esse é um resultado de análises que estamos construindo com a Bayer desde a safra 2020/2021. Por meio das metodologias aplicadas no campo e pelos dados levantados pelo projeto, fizemos as correções necessárias no manejo do talhão, que deve ter ainda mais produtividade neste ciclo”, comenta a técnica.