Relatório mensal do custo de produção da soja transgênica em Mato Grosso divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) esta semana mostra variações significativas que impactaram o bolso do produtor entre julho de 2021 e igual período de 2020.
O levantamento mostra que na safra de 2020/21, o produtor do estado líder em cultivo e exportação precisava pagar R$ 3.347,91 por hectare. Já na safra 2021/22, o número saltou para R$ 3.978,21, um aumento de 18,83%, sem considerar depreciações e custos de oportunidade. O arrendamento de terra foi o principal vilão dessa conta.
Outro fator que contribuiu fortemente para a alta geral foi o preço pago pela assistência técnica, passando de R$ 29,58 para R$ 42,88, diferença de 44,95%. O preço da semente de cobertura também contribuiu para tirar mais dinheiro da mão do produtor. Enquanto em julho de 2020 era necessário aplicar R$ 22,06 por hectare, no mês passado esse valor ficou em R$ 31,58, alta de 43,14%.
Para se ter ideia dos aumentos sistemáticos, os custos gerais da safra de 2018/19 giravam em R$ 2.932,95, um acréscimo de 35,64% para a atual. Assim, observa-se com clareza que os recordes seguidos de produção da oleaginosa estão sendo acompanhados de perto por constantes elevações de custos que precisam ser compatibilizadas com enormes gargalos do setor, como a carência na infraestrutura de armazenagem do grão nas fazendas.
Como já dito, o arrendamento de terra foi o item que mais influenciou nos acréscimos de custo, com impressionante alta de 63,3%. Nesse sentido, enquanto na safra passada era necessário desembolsar R$ 170,31 por hectare, na atual o produtor precisa arcar com R$ 278,13.
“O aumento no preço e na rentabilidade da soja em 2020 e 2021 naturalmente é um fator positivo para o preço da terra e para o valor do arrendamento”, considera o consultor de mercado da Safras e Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.
Mas o que barateou?
Ainda que os números expressem elevações preocupantes, o relatório do Imea também mostra que há espaço para um suspiro de alívio. Isso se considerarmos que os impostos e taxas do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) decresceram 26,46% no período, indo de R$ 24,38 para R$ 17,93.
Com barateamento semelhante, a mão de obra permanente reduziu 26,26%, de R$ 121,45 para R$ 89,56. O Imea estima a produção do Mato Grosso em 35,74 milhões de toneladas, 0,94% acima do colhido na temporada 2019/20.