Tradings têm feito exigências que vão além do que é determinado pelo Código Florestal, de acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). A entidade afirma que as empresas têm praticado embargos ilegais sobre a produção da oleaginosa em áreas da Amazônia e do Matopiba.
Indignados, agricultores vão se reunir nesta terça-feira, 10, em Balsas (MA), a partir das 15h, para discutir o assunto. O “Movimento Produção Legal – Movimento contra embargos ambientais ilegais”, como vem sendo chamado o evento, enviou um ofício ao presidente Jair Bolsonaro, contando a situação e convidando o chefe de Estado a participar.
“O movimento pretende mostrar também que os produtores atuam dentro da legalidade, respeitando as leis brasileiras, e que a soberania brasileira tem de ser respeitada por empresas que comercializam a soja produzida no Brasil”, diz o documento assinado pelos presidentes da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, e da Aprosoja Maranhão, José Carlos Oliveira de Paula.
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O que dizem os produtores de soja?
O presidente da Aprosoja Maranhão explica que certas imposições das tradings não levam em consideração a realidade da região, não fazendo diferenciação entre desmatamento legal e ilegal. “A maioria dos produtores estão dentro da lei. Aquele que não respeita deve ser penalizado. O que não queremos é embargo a propriedades legais”, diz.
Além disso, segundo José Carlos Oliveira de Paula, as empresas têm pago menos a produtores que não atendem as exigências. “Temos sido penalizados por falácias e por pessoas que não entendem o que é o agronegócio”, afirma.
Resposta das tradings
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa as principais tradings em atuação no Brasil, afirma que não faz embargos ilegais. “A entidade implementa programas setoriais com o objetivo de monitorar o desmatamento ilegal, sendo que políticas de compras individuais das suas associadas têm por objetivo garantir que a soja plantada em área com desmatamento ilegal não entra na cadeia de fornecimento”, diz.
A entidade defende que suas associadas atuam como parceiras dos produtores rurais, “fomentando e investindo na expansão da sojicultura brasileira, na capacidade industrial e no escoamento da produção, fatores fundamentais para que o Brasil seja reconhecido como o maior produtor e exportador de soja do mundo”.
A Abiove pede que o assunto seja discutido entre as partes para que se possa chegar a um acordo. “É necessário que todas as partes compreendam que os mercados consumidores da soja brasileira, tanto o europeu, como o asiático, exigem o controle da origem da produção agrícola e que só trabalhando para atender a demanda dos nossos clientes, poderemos seguir na liderança do competitivo mercado mundial da soja”, pontua.