Durante três anos de pesquisa, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) acompanhou o trabalho desenvolvido pela Fundação Rio Verde e seus pesquisadores em 96 lavouras, sendo 56 semeadas em dezembro e 40 em fevereiro.
Foram observados que os plantios mais tardios, realizados em fevereiro, tiveram menos problemas com ferrugem asiática, consequentemente menor número de aplicação de fungicidas e menor severidade da doença, acarretando, consequentemente, uma melhor qualidade da semente.
De acordo com o pesquisador especializado em fitopatologia, Laercio Zambolim, os produtores que participaram do trabalho de pesquisa garantem que as sementes produzidas no plantio de fevereiro têm qualidade muito superior do que aquelas de dezembro. Outra razão da preferência pelo semeio de fevereiro diz respeito ao menor gasto com fungicidas para o controle da ferrugem asiática da soja.
Já o coordenador da pesquisa, o professor Erlei Melo Reis, reforça que o vazio sanitário continuará sendo respeitado mesmo com a ampliação do plantio da soja em fevereiro.
“Essa proposta de plantio em fevereiro não mexe no vazio sanitário, mas eu quero reforçar que com ou sem lei, o clima não permite o desenvolvimento de plantas neste período sem a irrigação”, expõe o especialista.
O vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, destaca que o trabalho da Fundação Rio Verde mostra aquilo que já era defendido no campo. “A Aprosoja-MT não quer acabar com o vazio, ele é sagrado para o produtor, mas essa mudança na data do plantio é um anseio da base dos produtores do estado, e o mesmo não adentra no período proibitivo”, enfatiza.
Agricultores satisfeitos
Produtores rurais de Mato Grosso comemoram a liberação da semeadura do grão até 3 de fevereiro pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A ampliação da data é um anseio antigo dos agricultores que precisam salvar a semente da oleaginosa todos os anos.
Conforme a Aprosoja-MT, a conquista é importante, e para reforçar a segurança fitossanitária no estado, a entidade alerta sobre as recomendações complementares que os produtores devem respeitar no plantio de fevereiro:
- A semeadura em fevereiro não poderá ser feita na modalidade de soja safrinha, ou seja, soja sobre soja. O produtor deverá reservar uma área especialmente para isto.
- Que sejam limitadas a no máximo 5% de sua área total, o que é suficiente para atender sua necessidade de sementes próprias e fazê-lo de acordo com o que preconiza as legislações federal e estadual.
- Não semear soja no mês de dezembro, salvo em situações especiais e limitados até 15/12.
- Não semear no mês de janeiro.
- No controle da ferrugem asiática, utilizar os fungicidas de ação síti-específico sempre associados, em mistura, a multissítios;
- Fazer o uso de cultivares semeadas no mês de fevereiro, sempre respeitando a data imite de 15/06 para a colheita, ou seja, antes do início do vazio sanitário em Mato Grosso.
O estudo é coordenado pelos pesquisadores especialistas em fitopatologia Dr. Erlei Melo Reis, Dr. Laércio Zambolim, Dr. Fernando Cézar Juliatti e Dr. José Octávio Machado Menten. A pesquisa foi recentemente publicada em revista científica canadense e credenciada pelo Mapa.