Desde a safra 2005/2006, a doença II vem causando reduções de até 60% na produtividade da soja
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reconheceu a Soja Louca (SL-II) como uma doença causada pelo nematoide Aphelenchoides sp. Desde a safra 2005/2006, a Soja Louca II vem causando reduções de até 60% na produtividade da soja, principalmente em regiões quentes e chuvosas como os estados do Maranhão, Tocantins, Pará e Mato Grosso. Em junho, o Soja Brasil já tinha noticiado a descoberta.
– A identificação do agente causal da SL-II representa uma descoberta importante, porque direciona as atividades de pesquisa para a definição das estratégias de manejo, o que trará um enorme alento aos produtores que amargam prejuízos com uma doença até então desconhecida – revela o pesquisador Maurício Meyer, da Embrapa Soja.
A doença apresenta como sintomas principais: plantas de soja com haste verde, retenção foliar e abortamento de vagens antes de finalizar seu ciclo. Meyer diz que os sintomas da SL-II são observados no início da fase reprodutiva da soja, que apresenta afilamento das folhas do topo das plantas, enrugamento das folhas e engrossamento das suas nervuras.
Além disso, o pesquisador explica que as folhas com sintomas apresentam coloração mais escura e menor pilosidade em relação às normais. Também é observado que as hastes exibem deformações e engrossamento dos nós. As vagens podem apresentar lesões, rachaduras, apodrecimento, redução do número de grãos e abortamentos.
– O abortamento de vagens é mais intenso na parte superior das plantas, diminuindo em direção à base, o que impede o processo natural de maturação, permanecendo a planta verde mesmo após a aplicação de herbicidas dessecantes – relata.
Manejo
Segundo Meyer, serão implementados novos estudos voltados para a investigação dos aspectos da biologia do nematoide, tais como as formas de sobrevivência, plantas hospedeiras alternativas, colonização e infecção na soja, para definir claramente as medidas de manejo a serem preconizadas.
Apesar da necessidade de se continuar os estudos, o pesquisador entende que já é possível apresentar algumas alternativas de manejo para o problema.
– Como não são conhecidas cultivares de soja tolerante ao problema, recomendamos um adequado manejo do solo e da cultura. Indicamos a dessecação antecipada à semeadura de soja e um efetivo controle de plantas invasoras imediatamente após a emergência da soja – orienta Meyer.
Quando o problema foi detectado, os pesquisadores da Embrapa descartaram as hipóteses de ataque de percevejo (agente causador da Soja Louca I), problemas nutricionais ou distúrbios fisiológicos da planta.
– Esses sintomas, observados na década de 1980 em algumas áreas de soja, eram conhecidos por Soja Louca e também causavam a incidência de haste verde e retenção foliar no final do ciclo da cultura, mas a Soja Louca II era diferente – explica Meyer.
Com informações da Embrapa Soja.