Plantas vigorosas carregadas de vagens ainda em formação de grãos com grande potencial produtivo são reflexo da boa umidade no solo proporcionada pelas chuvas dos últimos dias, no oeste da Bahia. As precipitações amenizaram o impacto da seca durante o plantio da safra 2020/2021 de soja, no fim do ano passado.
“A gente está bastante otimista, tem muita soja nova no campo que tolera esse desafio hídrico. Neste momento, tem expectativa de pancadas de chuvas nos próximos dias e a longo prazo, a partir de 20 de fevereiro, as condições climáticas melhoram para a nossa região Teremos bons volumes de chuvas no final de fevereiro até meados de abril”, afirma o agrônomo Rodrigo Missio.
O cenário deixa agricultores da região com esperança de conseguirem boas produtividades nesta safra. A vice-presidente da Federação e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Carminha Missio, e os irmãos cultivaram mais de 20 mil hectares de soja e a expectativa da família é superar a média do ano passado, de 64 sacas por hectare.
“Pedimos a Deus que ele mande chuva na hora certa, no momento certo de encher grão, para que seja possível ultrapassar essa média e vencer um novo desafio, tornar um novo recorde”, afirma Carminha.
Nesta safra, foram cultivados cerca de 1,7 milhão de hectares de soja no oeste da Bahia. A região é composta por oito municípios que se destacam na produção do grão. A expectativa do setor é atingir as mesmas 66 sacas por hectare de média, alcançadas na safra 2017/18.
“Hoje, o oeste da Bahia tem muitas lavouras com altíssimo potencial produtivo. Tem áreas mais novas que vão ficar aquém desses patamares de produtividade, porém, a média deve superar em função dos investimentos feitos nessas áreas”, afirma Rodrigo Missio.
Há cerca de 30 anos, a região não tinha destaque na produção de grãos. Atualmente, colhe mais de 6,5 milhões de toneladas de soja por ano, e é considerada um dos motores do agronegócio nordestino.
“Acredito que, pelo menos, podemos andar lado a lado com Mato Grosso, produzindo a quantidade que se produz lá e com o conhecimento e a capacidade de gerar a sustentabilidade e o conforto. Em termos de conhecimento talvez tenhamos que caminhar um pouco mais, através de qualificação de treinamentos e novos investimentos em capacitação”, defende Carminha.
‘Pérola do Oeste’ recebe a Abertura Nacional da Colheita da Soja
A produção de soja alavancou a tecnologia e trouxe junto oportunidades para muitos municípios da região. Conhecido como a “pérola do oeste”, o município de Luís Eduardo Magalhães, a 900 km da capital Salvador, foi um deles. Era apenas um povoado à beira de uma rodovia nos anos 1980. Em menos de 20 anos, transformou-se na capital do agronegócio baiano. Com topografia adequada e grande oferta de água, cultiva uma área de aproximadamente 260 mil hectares de soja.
Pela primeira vez, Luís Eduardo Magalhães vai sediar o evento mais importante da sojicultura brasileira: a Abertura Nacional da Colheita da Soja. “É importante para a gente mostrar ao mundo aquilo que nós temos, aquilo que nós produzimos e como estamos produzindo, a qualidade que temos embarcada na nossa região. Para nós, vai ser uma oportunidade ímpar”, diz o presidente do Sindicato Rural do município, Cícero Teixeira.
“É um orgulho muito grande, uma alegria muito grande termos o Canal Rural lançando a colheita nesse celeiro que temos a possibilidade de produzir alimentos”, afirma a vice-presidente da Faeb.
O evento
Considerado um dos eventos mais importantes da sojicultura nacional, a abertura da colheita acontecerá pela primeira vez na fronteira agrícola do Matopiba. O evento terá formato conectado e multiplataforma, com transmissão ao vivo para todo o país a partir das 9h de Brasília.
Também pela primeira vez, a cerimônia simbólica da colheita da soja será realizada em fevereiro, uma adaptação necessária para contornar o atraso do plantio, devido à falta de umidade.
Por conta da pandemia do coronavírus, o evento terá um formato bastante inovador, assim como foi com a Abertura Nacional do Plantio da Soja: conectado e multiplataforma, interligando palestrantes, convidados, participantes e a equipe do Canal Rural cada um em sua localidade, ou seja, nos estúdios da televisão, na fazenda onde se fará o evento e nas empresas. Não será possível acompanhar o evento presencialmente, respeitando as regras de distanciamento social.
Máquinas no campo e palestras
O novo formato do evento manterá a tradição e fará o famoso enfileiramento de colheitadeiras, que neste ano contará com as verdinhas da John Deere. Algumas autoridades devem ser os operadores destas máquinas, fato que também já ficou marcado na história do evento.
Mas antes desta festa final, os produtores poderão acompanhar uma série de painéis com informações fundamentais para o negócio da soja.
O tema deste ano será “Vendas de terras para estrangeiros, desafios de mercado, questões tributárias, tecnologias e o clima para a colheita”.
Os palestrantes:
Painel 1
Como ficará o mercado da soja nesse período de colheita?
1- Liones Severo, diretor da Sim Cosult
2- Étore Baroni, consultor da Stonex
3- Jean Carlo Cury Manfredini, adido agrícola
4- Matheus Pereira, sócio-diretor da Pátria Agronegócios
5- Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado
Painel 2
Vendas de terras para estrangeiros e os impactos dessa liberação
1- Felipe Costa Camargo, advogado
2- Fabricio Rosa, diretor da Aprosoja Brasil
3- Alan Juliani, presidente da Aprosoja Bahia
4- Sérgio Sousa, presidente da FPA
Painel 3
Premissas e impactos da reforma tributária para o agronegócio
1- Renato Conchon, coordenador de assuntos econômicos da CNA
2- Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja Brasil