Os preços da soja vêm registrando uma recuperação no mercado interno, com os valores sendo negociados em uma média de R$ 139,45 no Porto de Paranaguá, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Ainda que esteja longe de assegurar rentabilidade ao produtor, o número mostra leve tendência de alta após atingir o menor patamar dos últimos três anos nas semanas passadas.
Segundo o consultor em agronegócio Carlos Cogo, a última semana de abril representou o pico de baixa no preço interno do grão no interior do Paraná, cotado a R$ 130 a saca. “Hoje, esse indicador está na casa dos R$ 134. Tivemos um avanço de cinco reais por saca, em média, tanto no Sul do Brasil quanto no Cerrado”.
Para Cogo, essa pequena reação está ligada à questão dos prêmios, que continuam negativos, mas menos do que antes à medida que o tempo passa, prenunciando prêmios positivos somente para o mês de setembro.
Porém, o vencimento maio segue como o de menor preço para a soja, conforme gráfico abaixo:
“É importante que se diga que esse contrato com vencimento em maio ainda está situado em Chicago na bolsa está em patamar elevado, acima dos 14 dólares por bushel, quase em 15 dólares por bushel”, informa o consultor.
Já no Centro-Oeste os valores praticados são ainda mais baixos:
“A valores de hoje, com prêmios positivos, o vencimento novembro é negociado a R$ 120,55, ganho de oito reais em relação à cotação atual”, ilustra Cogo.
Valorização maior para as regiões
Todas as regiões brasileiras terão preços maiores a partir do segundo semestre, conforme o especialista.
“O grande escoamento da safra vai ocorrer até agosto. Depois disso, diminui a pressão nos portos, os prêmios voltam a subir e, neste ano, estamos em condição de exportar muito mais derivados, farelo e óleo, devido à ausência da Argentina neste mercado”.
Porém, Cogo alerta que os preços não vão voltar ao patamar de R$ 180 a R$ 200 a saca, como no passado recente. “Estamos falando de uma recuperação gradual ligada à valorização dos prêmios, somente isso”.
Comercialização da safra de soja
Atualmente, a safra 22/23 está negociada em torno de 50% da produção, de acordo com Cogo. “Estamos mais adiantados na região do Cerrado, que se aproxima de 60% [de comercialização] e menos no Sul, que não tem nem 40% de sua safra negociada”.
Quanto à safra futura, o consultor indica que apenas 8% da safra foi vendida até o momento. “O produtor ainda está aguardando o desfecho da combinação entre preços futuros, câmbio e prêmios”.
Segundo ele, os prêmios para março de 2024 está, atualmente, negativo em 20 centavos de dólar. “Infelizmente isso é um prenuncio de que a situação desse ano de prêmios baixos e negativos poderá se repetir em 2024”, alerta.
Plantio e custos da próxima safra
A margem de rentabilidade para o produtor na safra 23/24 é maior do que a deste ano, de acordo com Cogo.
“Vamos ter preços futuros e preços reais mais baixos em 2024, mas os custos de produção serão muito mais baixos. Será uma redução de 28% a 30% nos custos de produção decorrentes da forte queda dos fertilizantes e dos defensivos, que pesam de 40% a 45% nos custos operacionais de produção”.
Segundo o consultor, a projeção para a área plantada na próxima safra é 45 milhões de hectares, aumento de 3,2%. “É uma expansão em torno de 1,5 milhão de hectares, sendo que o Brasil vinha crescendo cerca de dois milhões de hectares a cada safra. Neste momento o produtor mostra uma intenção mais modesta de expansão de área, mas ainda mostra crescimento”, finaliza.