O mercado físico da soja trabalha com preços acima de R$ 200 por saca em alguns portos. A alta segue os contratos futuros praticados na Bolsa de Chicago, que, por sua vez, reflete a anunciada quebra de safra no Sul e Centro-Sul do Brasil, país líder em produção e exportação da commodity.
De acordo com o consultor da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, o clima é o principal fator a afetar este cenário, visto que os resultados da colheita de Argentina e Paraguai também devem ser aquém do previsto.
“A safra da América do Sul vai ser bem menor do que a esperada e isso, naturalmente, traz força para Chicago porque veremos um aumento das exportações norte-americanas exatamente para compensar essa menor oferta de Brasil, Argentina e Paraguai. Então Chicago encontra suporte neste cenário e vem subindo semana após semana, se aproximando de 16 dólares no patamar, o que há muito tempo não víamos”, constata.
Segundo ele, como as perdas são muito expressivas no Brasil, a questão dos prêmios ajudam o produtor. “Todas as posições de 2022 operando acima de 100 pontos, algo extremamente incomum, até porque estamos em uma entrada de safra e devíamos estar sentindo a sazonalidade desse período, mas não é isso que está acontecendo”, explica. Entretanto, Roque salienta que a quebra de safra de soja deve trazer menor rentabilidade ao produtor gaúcho e paranaense.
O consultor também destaca que a menor oferta da América do Sul tende a aumentar as exportações norte-americanas neste ano. “Nesta época do ano, a gente não costuma ver vendas de soja dos Estados Unidos para a China e isso já está acontecendo, inclusive em volumes bastante elevados e isso comprava que, realmente, teremos uma demanda adicional, o que não era esperado e isso é um dos fatores principais que traz força para Chicago”, completa.