Além da beleza, Serra do Cadeado encanta produtores ao gerar sementes de qualidade

Região paranaense é favorecida por chuvas regulares e temperatura baixaNossas equipes de reportagem começam nesta segunda, dia 17, mais etapa da expedição Soja Brasil. O repórter João Bosco e o cinegrafista Pedro Silvestre foram até uma região que reúne as condições ideais para a produção de sementes de soja de qualidade, com um clima que colaborou bastante com os produtores.

A Serra do Cadeado, a 80 quilômetros de Londrina, tem uma paisagem que encanta quem passa pela estrada. A 1,1 mil metros de altitude, a temperatura é baixa. Localizada próximo ao paralelo 24, na transição do clima tropical para o temperado, o lugar recebe chuvas regulares. Não demorou e logo se descobriu a vocação para produção de sementes de soja de qualidade.
 
– Historicamente os produtores de sementes aqui do norte do Paraná se instalaram há 30, 40 anos atrás na região da cidade de Londrina. Então por causa da baixa altitude, temperatura mais elevada, a qualidade da semente era um pouco precária e os produtores descobriram este chapadão a 80 quilômetros. Todos migraram para lá, então o foco dos produtores está localizado nesta região. E isto faz uma grande diferença, da água para o vinho – conta o pesquisador da Embrapa, José França Neto.

O produtor Nelsino Aparecido Machado saiu em busca desta qualidade e acertou. Dos 500 hectares de soja plantados, 350 são para produção de sementes. Mas as condições favoráveis não resolvem se o produtor não levar em conta uma série de cuidados.

– Desde a densidade de plantio, distribuição de sementes, plantio bem feito, plantadeiras boas e adubação equilibrada, correção de solo. A gente analisa periodicamente, a gente faz análise de solo. Por isto que a gente chega nesta produtividade, e o acompanhamento, o dia a dia na lavoura, monitoramento, no caso de ferrugem, a gente faz aplicações preventivas – enumera.

A soja que Machado produz é convencional, por isto recebe R$ 7 a mais na hora da comercialização. E ainda 10% acima do preço da saca, por produzir uma semente de qualidade. Neste ano, o clima colaborou e o agricultor deverá colher quase 70 sacas por hectare. As condições favoráveis da lavoura chamaram a atenção do consultor do Projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann:

– O fato de ele estar produzindo convencional, a lavoura está limoa, não tem um pé de mato, ocorrência nenhuma com outras. Isto mostrando que matérias convencionais no Brasil têm muito espaço para serem cultivadas.

– Este solo tem 40 anos de plantio direto, não entra arado aqui há 40 anos. Há um sistema de rotação de cultura com milho no verão, com trigo e aveia no inverno, que preserva uma grande quantidade de matéria orgânica. Isto facilita materiais como este. A fertilidade é preservada, o custo com fertilizante e um pouco menor – afirma o especialista.

A produção nos municípios que formam a Serra do Cadeado deve ser de 170 mil sacas de soja. Os grãos são comercializados com a cooperativa integrada que atende e dá assistência aos cooperados. É lá que os grãos cultivados na serra são transformados em sementes: 80% do que se produz abastece o próprio Estado do Paraná. Nesta safra, a expectativa é chegar a 150 mil sacas de sementes.

– Chega na classificação, é feito a umidade, impureza, dano mecânico. Se tiver apto, a gente recebe na moega, é feito a limpeza, a secagem, depois é feito o beneficiamento. Vai tirar as impurezas dos grãos quebrados, danificados, e após isto vai ser separado por tamanho. É tirado tudo que é muito pequeno, tudo que é acima do padrão e aproveitado o meio – explica o responsável técnico da Cooperativa Integrada Unidade de Beneficiamento de Sementes, Gilberto Yano.

Já beneficiada, a semente fica pronta para ser distribuída em lavouras como na serra, fechando um clico que funciona muito bem.

– Os produtores estão muito conscientes que estas sementes que eles vão produzir pode voltar para eles. Então este capricho que a gente viu na lavoura lá é porque eles sabem que tudo que eles produzirem ali pode ser que volte para eles. Então tem que ter muito capricho mesmo – salienta Yano.

E a qualidade das sementes pode aumentar ainda mais. A Embrapa tem pesquisa com esta finalidade.

– Nós temos um grupo trabalhando e boas perspectivas de num futuro muito próximo a gente poder lançar variedades mais tolerantes ao dano mecânico. As intempéries de chuva, alta temperatura no campo, armazenagem. E num futuro bem próximo vamos estar lançando uma variedade de semente melhor – adianta José França Neto.

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