O início da safra 21/22 de soja na região Sul foi marcada por altos volumes de chuva. No Paraná, por exemplo, foi registrado acumulado de 400 milímetros em outubro. O excesso de água no solo compromete o desenvolvimento inicial da lavoura.
De acordo com o pesquisador do Portal Ciência do Solo, Luiz Tadeu Jordão, em algumas áreas no Vale do Paranapanema, no estado de São Paulo, o impacto na lavoura também foi sentido. “Teve estande de planta menor do que o planejado, em função desse encharcamento do solo e desse volume de chuva que nós tivemos. Em alguns casos, houve presença de chuva de pedra”, conta.
Apesar do alto volume pluvial de outubro, em novembro as chuvas ficaram mais regulares, intercalando com dias de sol. Porém, esse clima de alta temperatura e umidade é mais favorável para a proliferação da ferrugem asiática. Desta forma, o controle preventivo é fundamental para evitar prejuízos com a patologia.
“A recomendação aos produtores é que respeitem as leis do ponto de vista de sanidade, o vazio sanitário exigido pelo Ministério da Agricultura e utilizem tecnologias de manejo que possam inibir o desenvolvimento da doença”, comenta.
Crise hídrica impacta lavouras irrigadas
No sul do Brasil e parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste é comum encontrar áreas de soja com sistema de irrigação. O consumo hídrico no campo é de cerca de 80% do volume de água disponível, número abaixo quando comparado com o consumo urbano.
“Tivemos uma entressafra bastante seca, com pouca chuva nos meses de junho, julho, agosto e setembro e, com isso, a capacidade dos reservatórios reduziu bastante e, consequentemente, as cidades demandam um volume de água anualmente e acabou faltando um pouco de água no campo”, destaca.
Em Minas Gerais e Goiás houve fiscalização em áreas de irrigação pela água insuficiente para o uso dos pivôs no início do plantio. “Isso acaba causando impacto inicial no desenvolvimento da cultura. O pivô dentro das lavouras auxilia muito o produtor a abrir o início do plantio mais cedo, porque essa lavoura plantada mais cedo, muitas vezes, não tem o volume de água suficiente vindo da chuva”, finaliza.