O clima na instalação da safra de soja 2021/22 foi favorável na maioria das regiões produtoras. O Rio Grande do Sul é uma das exceções. O estado já relata perdas consolidadas na produtividade por causa da estiagem ocorrida desde de outubro, reflexo do fenômeno La Niña, que afetou a qualidade do grão com a escassez hídrica no desenvolvimento da planta.
Já para a colheita, o excesso de chuva em Mato Grosso e a irregularidade pluviométrica em algumas partes do país preocupa o setor. Outra dificuldade que o produtor deve enfrentar é com a alta dos insumos para o ciclo 2022/23 e a possibilidade de falta de produtos no mercado.
Apesar dos desafios, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcos Fava Neves acredita que o Brasil, mais uma vez, vai bater recorde de produção e se manter no topo como maior produtor e exportador mundial.
“Nós devemos ter 144 milhões de toneladas de soja, vai ser quase 38% da produção mundial feita no Brasil, e de 54% a 55% das exportações mundiais, representando uma entrada de divisas muito grande”, comentou.
Em relação à alta nos custos de produção prevista para 2022, principalmente para insumos, como os fertilizantes, Neves acredita que não deve faltar produto na prateleira. Segundo ele, o preço de venda da soja deve cair um pouco, mas ainda assim continuar atrativo.
“Eu acredito que nós vamos ter preços um pouquinho menores quando a safra for vendida, porque eu acredito nessa produção com grande volume e, se der errado pela questão climática, ou a questão de insumos, logicamente que o preço deve subir um pouco. Mas essa é a perspectiva que eu estou vendo”.
A produção do grão em grande escala no Brasil contribui também para o desenvolvimento social do país, afirma o professor da FGV.
“A soja é extremamente importante para o Brasil pelo volume de recursos que ela traz. É uma coisa impressionante se você olhar o quanto o Brasil vendia há 20 anos e o quanto está vendendo agora, quase US$ 38 bilhões a US$ 40 bilhões, com 40 milhões de hectares sendo usados. Então, é geração de renda, traz emprego, consumo de automóvel, construção civil. É um trabalho fantástico que essa cultura traz para o Brasil. E o Brasil é o melhor do mundo, reconhecido até pelos nossos principais concorrentes, e temos muito para crescer ainda na questão da soja”, finalizou.